terça-feira, 27 de setembro de 2016

23 ( Parábolas de Jesus) Porque Vem a Ruína - Quarta Parte


Deus suportou Seu povo com coração de pai. Pleiteou com eles por bênçãos dadas e retiradas. Pacientemente lhe expôs seus pecados, e com longanimidade esperava seu reconhecimento. Profetas e mensageiros foram enviados para reclamar os direitos de Deus sobre os lavradores; mas em vez de serem bem-vindos, eram tratados como inimigos. Os lavradores perseguiam-nos e matavam-nos. Deus enviou ainda outros mensageiros, porém receberam o mesmo tratamento que os primeiros, apenas os lavradores mostraram ódio ainda mais decidido.
Como último recurso, Deus enviou Seu Filho, dizendo: "Terão respeito a Meu filho." Matheus 21:37. Mas a sua resistência tornara-os vingativos, e disseram entre si: "Este é o herdeiro; vinde, matemo-Lo e apoderemo-nos da Sua herança." Matheus 21:38. Então ser-nos-á permitido possuir a vinha, e faremos o que nos aprouver com o fruto.
Os maiorais judeus não amavam a Deus. Por isso romperam com Ele e rejeitaram todas as propostas para uma reconciliação justa. Cristo, o Amado de Deus, veio para reivindicar os direitos do Proprietário da vinha; mas os lavradores O trataram com declarado desprezo, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. Invejavam a beleza do caráter de Cristo. Sua maneira de ensinar era muito superior à deles e temiam Seu êxito. Argumentava com eles desmascarando-lhes a hipocrisia, e mostrando-lhes a conseqüência certa de seu procedimento. Isso lhes provocou a ira ao extremo. Torturavam-se ante as repreensões que não podiam silenciar. Odiavam o alto padrão dejustiça que Cristo constantemente apresentava. Viam que Seus ensinos acabariam revelando seu egoísmo, e resolveram matá-Lo. Odiavam Seu exemplo de fidelidade e piedade, e a elevada espiritualidade revelada em tudo quanto fazia. Toda a Sua vida lhes era uma reprovação do egoísmo, e ao chegar a prova final, prova que significava obediência para vida eterna ou desobediência para morte eterna, rejeitaram o Santo de Israel. Ao ser-lhes pedido escolherem entre Cristo e Barrabás, exclamaram: "Solta-nos Barrabás." Lucas 23:18. E ao perguntar Pilatos: "Que farei, então, de Jesus?" gritaram: "Seja crucificado!" Matheus 27:22. "Hei de crucificar o vosso Rei?" interrogou Pilatos; e dos sacerdotes e maiorais veio a resposta: "Não temos rei, senão o César." João 19:15. Ao lavar Pilatos as mãos, dizendo: "Estou inocente do sangue deste justo", os sacerdotes uniram-se à turba ignorante, gritando exaltados: "O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos." Matheus 27:24 e 25.
Desse modo os guias judeus fizeram a escolha. Sua decisão foi registrada no livro que João viu na mão dAquele que estava assentado no trono, no livro que ninguém podia abrir. Essa decisão lhes será apresentada em todo o seu caráter reivindicativo naquele dia em que o livro há de ser aberto pelo Leão da tribo de Judá.
O povo judeu acariciava a idéia de que eram os favoritos do Céu, e seriam sempre exaltados como igreja de Deus. Eram filhos de Abraão, declaravam, e o fundamento de sua prosperidade parecia-lhes tão firme, que desafiavam Terra e Céu para desapossá-los de seus direitos. Por sua conduta infiel, porém, estavam-se preparando para a condenação do Céu e separação de Deus.
Na parábola da vinha, depois de retratar aos sacerdotes o ato culminante de sua impiedade, Cristo lhes fez a pergunta: "Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?" Matheus 21:40. Os sacerdotes acompanhavam com profundo interesse a narrativa, e sem considerar sua relação com o tema, uniram-se à resposta do povo: "Dará afrontosa morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu tempo, lhe dêem os frutos." Matheus 21:41.
Inconscientemente pronunciaram sua própria condenação. Jesus mirou-os, e sob Seu olhar esquadrinhador sabiam que lhes lia os segredos do coração. Sua divindade lampejava diante deles com poder inconfundível. Viram nos lavradores seu próprio retrato e exclamaram, involuntariamente: "Assim não seja."
Solene e pesarosamente, perguntou Cristo: "Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isso e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, Eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó." Matheus 21:42-44.
Cristo teria mudado o destino da nação judaica, se o povo O houvesse recebido. Inveja e ciúme os tornaram implacáveis, porém. Decidiram que não aceitariam a Jesus de Nazaré como o Messias. Rejeitaram a Luz do mundo, e daí em diante sua vida estava envolta em trevas tão densas como as da meia-noite. A predita ruína veio sobre a nação judaica. Suas próprias paixões violentas e irrefreadas lhes causaram a destruição. Em sua ira cega aniquilaram-se uns aos outros. Pelo orgulho rebelde e obstinado atraíram sobre si a ira dos conquistadores romanos. Jerusalém foi destruída, arrasado o templo, e seu sítio arado como um campo. Os filhos de Judá pereceram pelas mais horríveis formas de matança. Milhões foram vendidos para servirem como escravos nos países pagãos.

Como povo os judeus deixaram de cumprir o propósito de Deus, e a vinha lhes foi tirada. Os privilégios de que abusaram e a obra que negligenciaram foram confiados a outros.

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