"Vedes aqui", disse Moisés, "vos tenho ensinado
estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que assim façais no
meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta
será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que
ouvirão todos estes estatutos e dirão: Só este grande povo é gente sábia e
inteligente. Porque, que gente há tão grande, que tenha deuses tão chegados
como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que O chamamos? E que gente há tão
grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje dou
perante vós?" Deuteronômio 4:5-8.
O povo de Israel deveria ocupar todo o território que Deus lhes
designara. As nações que rejeitassem o culto ou o serviço do verdadeiro Deus
deveriam ser desapossadas. Era propósito de Deus, porém, que pela revelação de
Seu caráter por meio de Israel, os homens fossem atraídos a Ele. O convite do
evangelho deveria ser transmitido a todo mundo. Pela lição do sacrifício
simbólico, Cristo deveria ser exaltado perante as nações, e todos os que O
olhassem viveriam. Todos os que, como Raabe, a cananéia, e Rute, a moabita, se
volvessem da idolatria ao culto do verdadeiro Deus, deveriam unir-se ao povo
escolhido. Quando o número de Israel aumentasse, deveriam ampliar os limites
até que seu reino abarcasse o mundo.
Deus desejava trazer todos os
povos sob Seu governo misericordioso. Desejava que a Terra se enchesse de
alegria e paz. Criou o homem para a felicidade, e anseia encher da paz do Céu o
coração humano. Anela que as famílias da Terra sejam um tipo da grande família
do Céu.
Israel, porém, não cumpriu o
propósito de Deus. O Senhor declarou: "Eu mesmo te plantei como vide
excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para Mim uma
planta degenerada, de vide estranha?" Jeremias 2:21. "Israel é uma
vide frondosa; dá fruto para si mesmo." Oséias. 10:1. "Agora, pois, ó
moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre Mim e a Minha
vinha. Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? E
como, esperando Eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? Agora,
pois, vos farei saber o que Eu hei de fazer à Minha vinha: tirarei a sua sebe,
para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que seja pIsaiasda; e a
tornarei em deserto; não será podada, nem cavada; mas crescerão nela sarças e
espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela.
Porque... esperou que exercessem juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis
aqui clamor." Isaias. 5:3-7.
Por intermédio de Moisés o Senhor expôs ao povo as conseqüências
da infidelidade. Recusando guardar Seu pacto, segregar-se-iam da vida de Deus,
e Suas bênçãos não poderiam descer sobre eles. "Guarda-te", disse
Moisés, "para que te não esqueças do Senhor, teu Deus, não guardando os
Seus mandamentos, e os Seus juízos, e os Seus estatutos, que hoje te ordeno;
para que, porventura, havendo tu comido, e estando farto, e havendo edificado
boas casas, e habitando-as, e se tiverem aumentado as tuas vacas e as tuas
ovelhas, e se acrescentar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo quanto tens,
se não eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor, teu Deus. ... E não digas
no teu coração: A minha força e a fortaleza do meu braço me adquiriram este
poder. Será, porém, que, se, de qualquer sorte, te esqueceres do Senhor, teu
Deus, e se ouvires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante eles,
hoje eu protesto contra vós que certamente perecereis. Como as gentes que o
Senhor destruiu diante de vós, assim vós perecereis; porquanto não quisestes
obedecer à voz do Senhor, vosso Deus." Deuteronômio 8:11-14, 17, 19 e 20.
A advertência não foi atendida pelo povo judeu. Esqueceram-se de
Deus, e perderam de vista o alto privilégio de representantes Seus. As bênçãos
que receberam não reverteram em bênçãos para o mundo. Todas as prerrogativas
foram usadas para a glorificação própria. Roubaram a Deus do serviço que deles
requeria, e roubaram a seus semelhantes a direção religiosa e o santo exemplo.
Como os habitantes do mundo antediluviano, seguiam toda imaginação de seu
coração mau. Assim faziam as coIsaiass sagradas parecerem uma farsa, dizendo:
"Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este" (Jeremias
7:4), ao passo que representavam falsamente o caráter de Deus, desonrando-Lhe o
nome, e poluindo o Seu santuário.
Os lavradores a quem Deus colocara como guardas de Sua vinha,
foram infiéis à missão a eles confiada. Os sacerdotes e mestres não eram fiéis
instrutores do povo. Não lhes expunham a bondade e misericórdia de Deus, e Seu
direito a Seu amor e serviço. Esses lavradores procuravam a própria glória.
Desejavam apropriar-se dos frutos da vinha. Era seu intento atrair para si a
atenção e homenagem.
A culpa destes guias de Israel
não era a mesma que a do pecador vulgar. Estes homens estavam sob a mais solene
obrigação para com Deus. Haviam-se comprometido a ensinar um "Assim diz o
Senhor", e a prestar estrita obediência na vida prática. Em vez de assim
proceder, estavam pervertendo as Escrituras. Sobrecarregavam os homens com pesados
fardos, obrigando-os à prática de cerimônias que se relacionavam com cada passo
da vida. O povo vivia em contínuo desassossego; porque não podiam cumprir todas
as exigências impostas pelos rabinos. Ao verem a impossibilidade de guardar os
mandamentos dos homens, tornaram-se negligentes em guardar os de Deus.
O Senhor instruíra o povo de
que Ele era o proprietário da vinha, e que todas as possessões somente lhes
foram confiadas para usá-las para Ele. Os sacerdotes e mestres, porém, não
executavam os deveres de seu ofício sagrado como se estivessem administrando a
propriedade de Deus. Roubavam-Lhe sistematicamente os meios e recursos a eles
confiados para o progresso da obra. Sua avareza e ganância levaram-nos a ser
desprezados até pelos pagãos. Assim foi dada oportunidade aos gentios para
interpretarem mal o caráter de Deus e as leis de Seu reino.
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