Toda manifestação do poder de Deus em favor de
Seu povo, provoca a inimizade de Satanás. Toda vez que Deus opera em prol
deles, Satanás e seus anjos também operam com vigor renovado para lhes
ocasionar a ruína. Inveja todos quantos fazem de Cristo sua força. Seu objetivo
é instigar o mal, e se alcança êxito, lança toda a culpa sobre os tentados.
Aponta-lhes as vestes imundas e o caráter imperfeito. Apresenta-lhes a sua
fraqueza, loucura, os pecados de ingratidão e a dessemelhança de Cristo, a qual
tem desonrado seu Redentor. Tudo isso expõe como argumento para provar o
direito de destruí-los. Tenta terrificar o ser humano pelo pensamento de que
seu caso é sem esperança, e nunca poderão ser lavadas as manchas de sua
contaminação. Espera desse modo destruir-lhes a fé para que se rendam
completamente à tentação e se desviem de sua fidelidade a Deus.
O povo do Senhor não
pode por si mesmo refutar as acusações de Satanás. Ao olharem a si mesmos estão
prestes a desesperar. Mas eles apelam para o Advogado divino. Invocam os
méritos do Redentor. Deus pode ser "justo e justificador daquele que tem
fé em Jesus". Rom. 3:26. Com confiança, os filhos de Deus a Ele clamam
para silenciar as acusações de Satanás e
aniquilar seus planos. "Faze-me justiça contra o meu adversário" (Lucas
18:3), oram; e com o poderoso argumento da cruz, Cristo faz calar o ousado
acusador.
"O Senhor disse a
Satanás: O Senhor te repreende; ó Satanás, sim, o Senhor, que escolheu
Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo?" Zacarias
3:2. Em tentando Satanás denegrir os filhos de Deus e arruiná-los, Cristo Se
interpõe. Embora tivessem pecado, Cristo tomou sobre a Sua própria alma a culpa
de seus pecados. Arrebatou a humanidade como um tição do fogo. Pela natureza
humana, está ligado ao homem, enquanto, pela divina, é um com o infinito Deus.
É posto auxílio ao alcance das almas moribundas. O adversário é repreendido.
"Ora Josué, vestido
de vestes sujas, estava diante do anjo. Então, falando, ordenou aos que estavam
diante dele, dizendo: Tirai-lhe estas vestes sujas. E a ele lhe disse: Eis que
tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade e te vestirei de vestes novas.
E disse eu: Ponham-lhe uma mitra limpa sobre a sua cabeça. E puseram uma mitra
limpa sobre sua cabeça e o vestiram de vestes." Zacarias 3:3-5. Com a
autoridade do Senhor dos Exércitos protestou o anjo a Josué, o representante do
povo, solenemente: "Se andares nos Meus caminhos e se observares as Minhas
ordenanças, também tu julgarás a Minha casa e também guardarás os Meus átrios,
e te darei lugar entre os que estão aqui" - mesmo entre os anjos que
circundam o trono de Deus. Zacarias 3:7.
A despeito das faltas do
povo de Deus, Cristo não abandona o objeto de Seu cuidado. Tem poder para
mudar-lhes as vestes.
Remove as vestes imundas, envolve com Seu manto
de justiça os crentes e arrependidos, e, junto a seus nomes, escreve nos
relatórios do Céu o perdão. Confessa-os como Seus, perante o universo celeste.
Satanás, o adversário, é desmascarado como acusador e enganador. Deus fará
justiça a Seus escolhidos.
A petição: "Faze-me
justiça contra o meu adversário" (Lucas 18:3), aplica-se não só a Satanás,
como também aos agentes que instiga para mal representar, tentar e destruir os
filhos de Deus. Aqueles que decidem prestar obediência aos mandamentos de Deus
saberão, por experiência própria, que têm adversários dominados por um poder
inferior. Tais adversários assaltavam Cristo a cada passo, e tão contínua e
resolutamente como jamais nenhum ser humano poderá saber. Os discípulos de
Cristo estão, como o Mestre, expostos a constantes tentações.
As Sagradas Escrituras descrevem as condições do
mundo, justamente antes da segunda vinda de Cristo. O apóstolo Tiago
descreve-nos a cobiça e a opressão que hão de prevalecer. Diz ele: "Eia,
pois, agora vós, ricos. ... Entesourastes para os últimos dias. Eis que o
salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído
clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos
Exércitos. Deliciosamente, vivestes sobre a Terra, e vos deleitastes, e
cevastes o vosso coração, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo;
ele não vos resistiu." Tiago 5:1, 3-6. É este o quadro das condições
modernas. Exercendo os homens opressão e extorsão de toda espécie, acumulam
fortunas colossais, enquanto sobem a Deus os clamores da humanidade abatida.
"Pelo que o juízo
se tornou atrás, e a justiça se pôs longe, porque a verdade anda tropeçando
pelas ruas, e a eqüidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece, e quem se
desvia do mal arrisca-se a ser despojado." Isaías 59:14 e 15. Isso se
cumpriu na vida de Cristo na Terra. Foi leal aos mandamentos de Deus, pondo de
parte tradições e exigências humanas que tinham sido elevadas ao primeiro
plano. Por esse motivo foi odiado e perseguido. A história repete-se. Leis e
tradições de homens são exaltadas acima da lei de Deus, e quem é fiel aos
mandamentos de Deus sofre vexame e perseguição. Por Sua fidelidade a Deus,
Cristo foi incriminado de ser transgressor do sábado e blasfemo. Diziam que
estava possuído do diabo, e foi denunciado como Belzebu. Da mesma maneira serão
acusados Seus seguidores e expostos em uma falsa luz. Satanás espera, por esse
meio, induzi-los a pecar e desonrar a Deus.
O caráter do juiz, na
parábola, que não temia a Deus nem respeitava os homens, foi apresentado por
Cristo para mostrar a espécie de justiça então exercida, e que seria brevemente
testemunhada em Seu julgamento. Deseja que, em todo o tempo, os Seus reconheçam
quão pouco, no dia da adversidade, podem confiar em governantes e juízes
terrestres. Freqüentemente o povo eleito de Deus precisa comparecer perante
homens que desempenham funções oficiais, e não fazem da Palavra de Deus seu
guia e conselheiro, antes seguem seus próprios impulsos não consagrados nem
disciplinados.
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