"Porque que sociedade tem a justiça com a
injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre
Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o
templo de Mas o apóstolo pergunta:
Deus com os ídolos?
Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e
entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo. Pelo que
saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu
vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas,
diz o Senhor Todo-poderoso." II Coríntios 6:14-18.
Quando estivermos aptos a compreender as
tentações e vitórias do Filho de Deus, no severo conflito com Satanás, teremos
uma idéia mais correta da grandeza da obra diante de nós, a fim de vencermos.
Satanás sabia que, se falhasse, sua situação seria desesperadora. Se tivesse
êxito e ganhasse a vitória sobre toda a humanidade, pensou, sua vida e reino
seriam estabelecidos.
Nas reuniões
caracteristicamente cristãs, Satanás lança suas vestes religiosas sobre os
prazeres ilusórios e folguedos profanos, para dar-lhes a aparência de
santidade, e a consciência de muitos é tranqüilizada porque meios levantados
vão para custear as despesas da igreja. As pessoas recusam dar por amor de
Cristo, mas por amor ao prazer e à condescendência com o apetite por motivos
egoístas, estão prontas a gastar seu dinheiro.
É porque não há poder
nas lições de Cristo sobre beneficência, no Seu exemplo, na graça de Deus sobre
o coração para levar os homens a glorificar a Deus com seus recursos, que se
tem de recorrer a tal método a fim de sustentar a igreja? O dano infligido à
saúde física, mental e moral nestas cenas de divertimentos e glutonarias não é
pequeno. O dia final do ajuste de contas mostrará as pessoas perdidas por causa
da influência destas cenas de divertimentos e frivolidade.
É fato deplorável que
considerações sagradas eternas não tenham poder para abrir o coração dos
professos seguidores de Cristo, levando-os a dar ofertas voluntárias para o
sustento do evangelho, devido à tentação de festividades e alegrias
generalizadas. É uma triste realidade que estas instigações prevaleçam ao passo
que as coisas sagradas e eternas não tenham força para influenciar o coração a
participar da obra de beneficência.
O plano de Moisés no deserto a fim de levantar
meios, foi muito bem-sucedido. Não houve nenhuma exigência compulsória. Moisés
não fez grande festividade nem convidou o povo para um lugar de alegria, dança
e divertimento em geral. Também não instituiu loterias ou alguma coisa profana
a fim de obter recursos para construir o tabernáculo de Deus no deserto. Deus
ordenou a Moisés que convidasse os filhos de Israel a trazer suas ofertas.
Moisés aceitava as dádivas de cada pessoa que dava voluntariamente, de coração.
Mas as ofertas voluntárias vieram em tão grande abundância que Moisés proclamou
que já eram suficientes. Deviam cessar seus presentes, pois deram
abundantemente, mais do que se poderia usar.
As tentações de Satanás
são bem-sucedidas com os professos seguidores de Cristo, quanto à
condescendência com o prazer e o apetite. Vestido como anjo de luz, ele citará
as Escrituras para justificar as tentações que coloca diante dos homens para
induzi-los ao apetite e prazeres mundanos que se adaptam ao coração carnal. Os
seguidores professos de Cristo são fracos em poder moral e são fascinados pela
sedução apresentada diante deles por Satanás, e assim ele ganha a vitória. Como
olha Deus para as igrejas que são mantidas por estes meios? Cristo não pode
aceitar essas ofertas, porque não são oferecidas por amor e devoção, mas são
uma idolatria egoísta. Todavia, o que muitos não fazem por amor a Cristo, farão
por amor a delicadas iguarias a fim de satisfazer ao apetite, e por amor aos
divertimentos mundanos, com o fim de satisfazer ao coração carnal.
O conflito de Cristo com Satanás no deserto será
considerado com sagrado interesse por todos os verdadeiros seguidores de
Cristo. Deveríamos ter um sentimento de profunda gratidão ao nosso Redentor
pelos ensinos do Seu exemplo sobre como resistir e vencer a Satanás. Jesus não
buscou os lugares de alegrias e festividades para obter a vitória tão essencial
à nossa salvação, mas Ele foi ao desolado deserto. Muitos nem mesmo contemplam
essa cena do conflito de Cristo com o chefe caído. Não simpatizam com o seu
Redentor. Alguns chegam a duvidar de que Ele realmente sentiu fome aguda na
abstinência de alimento, durante o período de quarenta dias e quarenta noites.
Aquele que sofreu morte
de cruz no Calvário certamente sofreu a mais cruciante fome, semelhante à Sua
morte por nós. Tão logo começaram os sofrimentos da fome, Satanás estava pronto
com suas tentações. Temos para combater um inimigo muito vigilante. Satanás
adapta suas tentações às nossas circunstâncias. Em cada tentação ele apresentará
alguma insinuação, alguma coisa na parentemente boa para se ganhar. Mas, em
nome de Cristo podemos ter vitória, resistindo aos seus enganos.
Já se passaram mais de mil e oitocentos anos
desde que Cristo andou na Terra como um Homem entre os homens. Encontrou
abundantemente sofrimentos e misérias por todos os lados. Que humilhação por
parte de Cristo, pois, apesar de subsistir em forma de Deus, tomou sobre Si a
forma de servo. Era rico nos Céus, coroado de glória e honra, e por nossa causa
Se tornou pobre. Que ato de condescendência do Senhor da vida e glória, a fim
de levantar o homem caído!
Jesus não veio aos
homens com ordens e ameaças, mas com amor sem paralelo. Amor gera amor; e assim
o amor de Cristo, manifestado na cruz, procurou e ganhou o pecador,
achegando-o, arrependido, à cruz, crendo e admirando as insondáveis
profundidades do amor de Deus. Cristo veio ao mundo a fim de aperfeiçoar um
caráter justo para muitos, e elevar a humanidade caída. Mas somente uns poucos
dos milhões do nosso mundo aceitam a justiça e a excelência do Seu caráter e
satisfarão os requisitos exigidos para assegurar sua felicidade.
Suas lições de
instruções e Sua vida santa, se fossem seguidas, evitariam o fluxo da miséria
física e moral que tanto tem contaminado a imagem moral de Deus no homem, que
escassamente se assemelha ao nobre Adão, como era no Éden, na sua santa
inocência. Cada proibição de Deus visa a saúde e eterno bem-estar do homem.
A obediência a todos os requisitos de Deus trará
paz e felicidade isentas de vergonha ou reprovações da consciência.
Contudo, pouquíssimos
dos cristãos do mundo estão seguindo seu Mestre através da humildade obediente,
progredindo na santidade e perfeição de caráter cristão. A intemperança e a
licenciosidade estão aumentando assustadoramente e sendo praticadas em grande
parte sob o manto do cristianismo. Este deplorável estado de coisas não é
porque os homens são obedientes à lei de Deus, mas porque seu coração se
levanta em rebelião contra os Seus santos preceitos.
Arrependimento para com
Deus, por termos transgredido Sua lei, e fé em Jesus Cristo, são os únicos
meios pelos quais podemos ser elevados à pureza de vida e reconciliação com
Deus. Fossem compreendidos plenamente todos os pecados que trouxeram a ira de
Deus sobre cidades e nações, veríamos serem o resultado de apetites e paixões
não controlados.
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