Primeira Reunião da
Associação Geral
Certos judeus, provenientes da Judéia, suscitaram uma
consternação geral entre os crentes gentílicos, levantando a questão da
circuncisão. Com grande certeza, afirmavam que ninguém poderia ser salvo sem
sercircuncidado e observar toda a lei cerimonial.
Essa era uma questão
importante, que afetou grandemente a igreja. Paulo e Barnabé enfrentaram-na com
prontidão, e se opuseram à introdução do assunto aos gentios. Nisto receberam
oposição dos crentes judeus de Antioquia, que favoreciam a posição dos que
vieram da Judéia. O assunto resultou em muita discussão e falta de harmonia na
igreja, até que finalmente a igreja de Antioquia, temendo que a continuada
discussão criasse uma divisão entre eles, decidiu enviar Paulo e Barnabé,
juntamente com alguns homens de responsabilidade de Antioquia, a fim de
exporem, em Jerusalém, a questão perante os apóstolos e anciãos. Ali deviam
eles encontrar-se com delegados de diversas igrejas e com os que haviam ido a
Jerusalém para assistir às próximas festas anuais. Enquanto isso, toda a
discussão devia cessar até que fosse pronunciada a decisão final, pelos homens
responsáveis da igreja. Essa decisão devia ser então universalmente aceita
pelas várias igrejas através do país.
Chegando a Jerusalém, os delegados de Antioquia relataram
diante da assembléia das igrejas o sucesso alcançado pelo seu ministério entre
os gentios, e a confusão que havia resultado do fato de certos fariseus
convertidos declararem que os conversos gentílicos deviam ser circuncidados e
guardar a lei de Moisés para serem salvos.
Os judeus se haviam sempre orgulhado de seu cerimonial de
instituição divina, e concluíam que, uma vez que Deus havia claramente esboçado
a forma hebréia de adoração, era impossível que Ele jamais autorizasse uma
mudança em quaisquer de suas especificações. Decidiram que o cristianismo devia
associar-se com as leis e cerimônias judaicas. Tinham dificuldade para
discernir o fim das coisas abolidas pela morte deCristo, e em perceber
que todas as ofertas sacrificais não tinham senão prefigurado a morte do Filho
de Deus, em que o tipo encontrou o antítipo, tornando sem valor as divinamente
designadas cerimônias e sacrifícios da religião judaica.
Paulo havia-se orgulhado de seu farisaísmo estrito, mas,
depois que Cristo a ele Se revelou na estrada de Damasco, a missão do Salvador
e seu próprio trabalho na conversão dos gentios ficaram claros em sua mente, e
ele compreendeu com clareza a diferença entre uma fé viva e um formalismo
morto. Paulo ainda alegava ser um filho de Abraão e guardava os Dez Mandamentos
na letra e no espírito tão fielmente como tinha feito antes de sua conversão ao
cristianismo. Entretanto, sabia que as cerimônias típicas logo deviam cessar completamente,
já que aquilo que tinham representado estava no passado, e que a luz do
evangelho espargia sua glória sobre a religião judaica, conferindo um novo
significado a seus antigos rituais.
Evidência da Experiência de Cornélio
A questão então trazida à consideração do concílio parecia
apresentar dificuldades insuperáveis, observada sob qualquer luz. Mas o
Espírito Santo já havia, em realidade, solucionado esta questão, de cuja
decisão parecia depender a prosperidade, senão a existência mesmo da igreja cristã.
Graça, sabedoria e santo juízo foram dados aos apóstolos para decidirem o
controvertido problema.
Pedro arrazoou que o Espírito Santo havia decidido o assunto
em discussão, ao descer com igual poder sobre os gentios incircuncisos e sobre
os circuncisos judeus. Rememorou sua visão, na qual Deus lhe apresentara um
lençol cheio de toda a espécie de quadrúpedes,
e lhe ordenara matar e
comer; tendo recusado, com a afirmação de que jamais comera coisa comum ou
imunda, disse Deus: "Não chames tu comum ao que Deus purificou." Atos
11:9.
Disse Pedro: "E Deus, que conhece os corações lhes deu
testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a nós; e não fez
diferença alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé. Agora,
pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que
nem nossos pais nem nós podemos suportar?" Atos 15:8-10.
Esse jugo não era a lei dos Dez Mandamentos, como afirmam
alguns que se opõem aos reclamos da lei; mas Pedro referia-se à lei das
cerimônias, tornada nula e vã pela crucifixão de Jesus. Essa fala de Pedro
levou a assembléia ao ponto de poderem ouvir com paciência a Paulo e a Barnabé,
que relataram sua experiência na obra entre os gentios.
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