domingo, 31 de janeiro de 2016

40 ( História da Redenção) Nas Regiões Distantes - Primeira Parte









Os apóstolos e discípulos que deixaram Jerusalém durante a feroz perseguição que ali grassou depois do martírio de Estêvão, pregavam a Cristo nas cidades ao redor, restringindo seus trabalhos aos hebreus e judeus gregos. "A mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor." Atos 11:21.
Quando os crentes em Jerusalém ouviram as boas novas se rejubilaram, e Barnabé, "homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé" (Atos 11:24), foi enviado a Antioquia, a metrópole da Síria, para ajudar a igreja local. Trabalhou com grande sucesso. Como o trabalho estivesse crescendo, solicitou e obteve o auxílio de Paulo, e os dois discípulos trabalharam juntos na cidade por um ano, ensinando o povo e aumentando em número a igreja de Cristo.
Antioquia tinha grande população, tanto de judeus como de gentios, e era grande refúgio para os amantes do sossego e recreação, por causa de sua localização saudável, das belezas que a circundavam, da riqueza, da cultura e refinamento ali existentes. Seu extenso comércio fez dela um lugar de grande importância, onde pessoas de todas as nacionalidades eram encontradas. Era, portanto, uma cidade de luxo e vício. A retribuição de Deus finalmente veio sobre Antioquia, por causa da maldade de seus habitantes.

Foi em Antioquia que os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos. Este nome foi-lhes dado porque Cristo era o principal tema de sua pregação, conversação e ensino. Continuamente estavam eles repetindo os incidentes ocorridos durante os dias de Seu ministério terrestre, quando Seus discípulos foram abençoados com Sua presença pessoal. Demoravam-se incansavelmente sobre Seus ensinos e milagres de cura, expulsão de demônios e ressurreição de mortos. Com lábios trêmulos e olhos rasos de lágrimas falavam de Sua agonia no jardim, Sua traição, julgamento e execução, a paciência e humildade com que havia suportado a afronta e a tortura impostas por Seus inimigos e a divina piedade com que tinha orado por Seus algozes. Sua ressurreição e ascensão, e Sua obra no Céu como Mediador do homem caído eram tópicos sobre os quais se regozijavam em demorar-se. Os pagãos bem podiam chamá-los cristãos, uma vez que pregavam a Cristo e dirigiam suas orações a Deus por intermédio dEle.
Na populosa cidade de Antioquia, Paulo encontrou um excelente campo de trabalho, onde sua grande cultura, sabedoria e zelo, combinados, exerceram uma poderosa influência sobre os habitantes e freqüentadores daquela cidade de cultura.
Enquanto isso, o trabalho dos apóstolos estava centralizado em Jerusalém, onde judeus de todas as línguas e nacionalidades vinham para adorar no templo durante as festas. Nessas ocasiões, os apóstolos pregavam a Cristo com ousada coragem, mesmo sabendo que em assim fazendo, sua vida estava em constante perigo. Eram feitos muitos conversos à fé, e estes, ao regressarem a seus lares nas diferentes partes do mundo, espalhavam as sementes da verdade através de todas as nações e entre todas as classes sociais.

Pedro, Tiago e João confiavam que Deus os havia escolhidopara pregarem a Cristo entre os de sua própria nação. Todavia, Paulo recebera sua comissão de Deus, enquanto adorava no templo, e seu amplo campo missionário tinha sido apresentado diante dele com notável precisão. A fim de prepará-lo para seu extenso e importante trabalho, Deus o tomou em íntima associação consigo e descerrou diante de sua arrebatada visão um vislumbre da beleza e glórias celestiais.

A Ordenação de Paulo e Barnabé
Deus Se comunicava com os devotos profetas e mestres da igreja de Antioquia. "E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado." Atos 13:2. Esses apóstolos foram solenemente dedicados a Deus com jejum e oração e imposição das mãos, e então foram enviados para seu campo de trabalho entre os gentios.
Tanto Paulo como Barnabé tinham sido laboriosos ministros de Cristo, e Deus recompensara abundantemente seus esforços, mas nenhum deles havia sido formalmente ordenado para o ministério evangélico pela oração e pela imposição das mãos. Agora, eles estavam autorizados pela igreja não somente a pregar a verdade, mas também a batizar e organizar novas igrejas, sendo investidos de plena autoridade eclesiástica. Esta foi uma época importante para a igreja. Embora o muro de separação entre judeus e gentios tivesse sido quebrado pela morte de Cristo, levando aos gentios os privilégios totais do evangelho, o véu ainda não havia sido tirado dos olhos de muitos crentes judeus, e eles não podiam discernir claramente o fim daquilo que fora abolido pelo Filho de Deus. O trabalho agora devia prosseguir vigorosamente entre os gentios, e disso devia resultar o fortalecimento da igreja mediante uma farta colheita de almas.
Os apóstolos, neste seu trabalho especial, estariam expostos a suspeitas, preconceitos e ciúmes. Como conseqüência natural de sua saída do exclusivismo judaico, suas doutrinas e idéias estariam sujeitas à acusação de heresia, e suas credenciais de ministros do evangelho seriam postas em dúvida por muitos judeus zelosos e crentes. Deus previu as dificuldades que Seus servos deviam enfrentar e, em Sua sábia providência, fez com que fossem investidos com a inquestionável autoridade da estabelecida igreja de Deus, para que sua obra estivesse acima de acusação.

Em época posterior, o rito da ordenação mediante a imposição das mãos sofreu muito abuso; ligava-se a esse ato uma insustentável importância, como se sobreviesse de vez um poder aos que recebiam essa ordenação, poder que os habilitasse imediatamente para toda e qualquer obra ministerial, em virtude da imposição das mãos. Temos, na história desses dois apóstolos, unicamente um singelo relatório da imposição das mãos e da sua influência sobre o seu trabalho. Tanto Paulo como Barnabé já haviam recebido sua comissão do próprio Deus, e a cerimônia da imposição das mãos não ajuntou à mesma nenhuma graça ou virtual qualificação. Por ela, era simplesmente colocado o selo da igreja sobre a obra de Deus - uma forma reconhecida de designação para um cargo específico.

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