A essa altura, sacerdotes e
príncipes ficaram fora de si de raiva. Agindo mais como feras rapinantes do que
como seres humanos, precipitaram-se sobre Estêvão, rangendo os dentes. Ele,
porém, não se intimidou; já esperava por isso. Seu rosto estava calmo, e
resplandecia uma luz angelical. Os enfurecidos sacerdotes e a turba enfurecida
não o aterrorizavam. "Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os
olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus; e
disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão
direita de Deus." Atos 7:55 e 56.
A cena ao seu redor
perdeu-se-lhe de vista; os portais do Céu
se abriram, e Estêvão, olhando, viu a glória das cortes de Deus, e Cristo, como
Se acabasse de levantar de Seu trono, pronto para suster Seu servo prestes a
sofrer o martírio por Seu nome. Quando Estêvão descreveu as gloriosas cenas
descerradas a sua vista, isso foi mais do que seus perseguidores podiam
suportar. Tapando os ouvidos para não ouvir suas palavras, e dando altos
brados, com fúria correram unânimes sobre ele. "E apedrejaram a Estêvão,
que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de
joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo
dito isto, adormeceu." Atos 7:59 e 60.
Em meio às agonias dessa
morte tão cruel, o fiel mártir, à semelhança de seu divino Mestre, orou por
seus assassinos. As testemunhas que haviam acusado Estêvão foram convocadas
para lançar as primeiras pedras. Estas pessoas depuseram suas vestes aos pés de
Saulo, que havia tomado parte ativa na disputa e consentia na morte do
prisioneiro.
O martírio de Estêvão produziu profunda
impressão em todos os que o presenciaram. Foi uma prova severa para a igreja,
mas resultou na conversão de Saulo. A fé, constância e glorificação do mártir
não podiam ser apagadas de sua mente. O sinal de Deus em seu rosto, suas
palavras, que alcançavam a alma de todos aqueles que as ouviam, exceto daqueles
que estavam endurecidos pela resistência à luz, permaneciam na memória dos
observadores, e testificavam da verdade do que ele tinha proclamado.
Nenhuma sentença legal fora pronunciada
contra Estêvão, mas as autoridades romanas foram subornadas com grandes somas
de dinheiro para não fazerem investigação sobre o caso. Na cena do julgamento e
morte de Estêvão, Saulo parecera estar imbuído de um zelo frenético. Parecera ficar
irado com sua própria convicção íntima de que Estêvão fora honrado por Deus, ao
mesmo tempo em que era desonrado pelos homens.
Ele continuou a perseguir a igreja de
Deus, afligindo seus membros, prendendo-os em suas casas e entregando-os aos
sacerdotes e príncipes para prisão e morte. Seu zelo em levar avante esta
perseguição aterrorizou os cristãos em Jerusalém. As autoridades romanas não
fizeram esforço especial para deter a cruel obra, e secretamente ajudavam os
judeus, a fim de conciliá-los e assegurar seu favor.
O erudito Saulo foi um poderoso
instrumento nas mãos de Satanás para levar avante sua rebelião contra o Filho
de Deus; entretanto, Um mais poderoso que Satanás escolhera Saulo para tomar o
lugar do martirizado Estêvão, a fim de trabalhar e sofrer por Seu nome. Saulo
era homem de muita estima entre os judeus, tanto pelo seu saber como pelo seu
zelo na perseguição dos crentes. Só depois da morte de Estêvão se tornou membro
do sinédrio, sendo eleito para a corporação em consideração à parte que
desempenhara naquela oportunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário