"Ora, naqueles
dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra
os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano." Atos 6:1. Esses gregos eram residentes de outros países onde
se falava a língua grega. Muito maior era o número de conversos judeus que
falavam o hebraico; porém, aqueles tinham vivido no Império Romano, e falavam
somente o grego. A murmuração começou a surgir entre eles de que as viúvas
gregas não eram tão liberalmente supridas como os necessitados dentre os
hebreus. Qualquer parcialidade desta espécie teria sido um agravo a Deus; e
prontas medidas foram tomadas para restaurar a paz e a harmonia entre os
crentes.
O Espírito Santo sugeriu um
método pelo qual os apóstolos poderiam ficar isentos da tarefa de repartir com
os pobres, ou de tarefas similares, pois deviam ser deixados livres para pregar
a Cristo. "E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não
é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei
pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas
nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra." Atos 6:2-4.
A igreja de comum
acordo escolheu sete homens cheios de fé e da sabedoria do Espírito de Deus,
para atender aos negócios pertinentes à causa. Estêvão foi o primeiro
escolhido; ele era judeu por nascimento e religião, mas falava a língua grega,
e era versado nos costumes e maneiras dos gregos. Foi, portanto, considerado a
pessoa mais apropriada para estar à testa e ter a supervisão da distribuição
dos fundos destinados às viúvas, órfãos e aos reconhecidamente pobres. Esta
escolha satisfez a todos, de modo que o descontentamento e a murmuração foram
aquietados.
Os sete homens escolhidos foram
solenemente separados para seus deveres, pela oração e pela imposição das mãos.
Aqueles que foram assim ordenados não estavam, entretanto, excluídos de ensinar
a fé. Pelo contrário, é lembrado que "Estêvão, cheio de fé e de poder,
fazia prodígios e grandes sinais entre o povo". Atos 6:8. Eles estavam
plenamente qualificados para instruir na verdade. Eram também homens de juízo
calmo e discrição, bem capacitados para tratar de casos difíceis de julgamento,
murmuração ou inveja.
A escolha de homens para efetuarem
os negócios da igreja, de modo que os apóstolos pudessem ficar livres para seu
trabalho especial de ensinar a verdade, foi grandemente abençoado por Deus. A
igreja crescia em número e em poder. "Crescia a palavra de Deus, e em
Jerusalém se multiplicava o número dos discípulos; e grande parte dos
sacerdotes obedecia à fé." Atos 6:7.
É necessário que a
mesma ordem e sistema sejam mantidos na igreja agora como nos dias apostólicos.
A prosperidade da causa depende grandemente de serem seus vários departamentos
conduzidos por homens hábeis, qualificados para suas posições. Os que são
escolhidos por Deus para ser líderes em Sua causa,
tendo a supervisão geral dos interesses espirituais da igreja, devem ser
aliviados, tanto quanto possível, de cuidados e perplexidades de natureza
temporal. Aqueles a quem Deus chamou para ministrar em palavra e doutrina devem
ter tempo para meditação, oração, e estudo das Escrituras. Seu claro
discernimento espiritual é diminuído ao entrarem em mínimos detalhes de negócios
e no trato com os vários temperamentos das pessoas que se reúnem em qualidade
de igreja. É próprio que todos os assuntos de natureza temporal se apresentem
perante os oficiais qualificados e sejam por eles ajustados. Mas se são de
caráter tão difícil que frustre sua sabedoria, devem ser levados ao conselho
daqueles que têm a supervisão de toda a igreja.
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