"Então foi o capitão
com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser
apedrejados pelo povo). E, trazendo-os os apresentaram ao conselho. E o sumo
sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não
ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e
quereis lançar sobre nós o sangue desse homem." Atos 5:26-28. Eles não
estavam tão dispostos a levar a culpa pela morte de Jesus, como quando se
associaram ao clamor da vil turba: "Seu sangue caia sobre nós e sobre
nossos filhos." Matheus 27:25.
Pedro, com os demais
apóstolos, tomou a mesma linha de defesa que tinha seguido em seu primeiro
julgamento:
"Respondendo
Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos
homens." Atos 5:29. Foi o anjo enviado por Deus que os libertou da prisão
ordenando-lhes a ensinar no templo. Seguindo suas instruções eles estavam
obedecendo ao divino comando, o que deveriam seguir fazendo com qualquer risco
para si mesmos. Pedro continuou: "O Deus de nossos pais ressuscitou a
Jesus, a quem vós matastes, suspendendo-O no madeiro. Deus com a Sua destra O
elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos
pecados. E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o
Espírito Santo, que Deus deu àqueles que Lhe obedecem." Atos
5:30-32.
O Espírito da inspiração
estava sobre os apóstolos, e os acusados se tornaram acusadores, lançando o
assassínio de Cristo sobre os sacerdotes e príncipes que formavam o conselho.
Os judeus ficaram tão irados que decidiram, sem qualquer outro julgamento e sem
a autoridade dos oficiais romanos, tomar a lei em suas próprias mãos e matar os
prisioneiros. Já culpados do sangue de Cristo, estavam agora ávidos de manchar
as mãos com o sangue de Seus apóstolos. Mas estava ali um homem de saber e alta
posição, cujo claro intelecto viu que este violento passo traria terríveis
conseqüências. Deus suscitou um homem de seu próprio conselho para deter a
violência dos sacerdotes e príncipes.
Gamaliel, o sábio fariseu e doutor, um
homem de grande reputação, era uma pessoa de extrema precaução, que antes de
falar em favor dos prisioneiros, pediu que eles fossem removidos. Então falou
com grande ponderação e calma: "Varões israelitas, acautelai-vos a
respeito do que haveis de fazer a estes homens. Porque antes destes dias
levantou-se Teudas, dizendo ser alguém: a este se ajuntou o número de uns
quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram
dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos
dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e
todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos. E agora digo-vos: Dai de mão a
estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens,
se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça
serdes também achados combatendo contra Deus." Atos 5:35-39.
Os sacerdotes não podiam senão ver
plausibilidade nesta opinião; foram obrigados a concordar com ele, e com muita
relutância soltaram os prisioneiros, depois de castigá-los com varas e insistir
com eles vez após vez a não mais pregarem em nome de Jesus, ou suas vidas
seriam o preço de sua ousadia. "Retiraram-se pois da presença do conselho,
regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de
Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de
anunciar a Jesus Cristo." Atos 5:41 e 42.
Os perseguidores dos apóstolos devem ter
ficado bem perturbados quando viram sua falta e habilidade para derrotar estas
testemunhas de Cristo, que tiveram fé e coragem para transformar sua vergonha
em glória e seu padecimento em alegria por amor de seu Mestre, que tinha
suportado humilhação e agonia antes deles. Dessa maneira, esses bravos
discípulos continuaram a ensinar em público, e em particular nas casas, a
convite de seus habitantes, que não ousavam confessar abertamente sua fé, por
temor dos judeus.
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