domingo, 14 de setembro de 2014

27 ( História da Redenção) O Julgamento de Cristo - Parte 1




    Os anjos, ao deixarem o Céu, depuseram com tristeza suas brilhantes coroas. Não podiam usá-las enquanto seu Comandante estivesse sofrendo, e tivesse que usar uma coroa de espinhos. Satanás e seus anjos estavam na sala do julgamento, empenhados na obra de destruir os sentimentos e simpatia humanos. A própria atmosfera estava carregada e poluída por sua influência. Eles inspiraram os principais sacerdotes e anciãos a insultar e maltratar a Jesus de tal maneira que seria dificílimo à natureza humana resistir. Satanás esperava que tal zombaria e violência provocassem no Filho de Deus alguma queixa ou murmuração; ou que Ele manifestasse Seu poder divino libertando-Se do poder da multidão, vindo, deste modo, a fracassar o plano da salvação. 

                                                      Negação de Pedro 

    Pedro acompanhou o Senhor depois de Sua traição. Estava ansioso por ver o que seria de Jesus. Mas, quando foi acusado de ser um de Seus discípulos, o temor pela própria segurança levou-o a declarar que não conhecia o homem. Os discípulos eram notados pela pureza de sua linguagem, e Pedro, para convencer seus acusadores de que não era um dos discípulos de Cristo, negou a acusação pela terceira vez com maldição e juramento. Jesus, que estava a alguma distância de Pedro, volveu para ele um olhar cheio de tristeza e reprovação. Então o discípulo  se lembrou das palavras que Jesus lhe falara no cenáculo, e também de sua afirmação cheia de zelo: "Ainda que todos se escandalizem em Ti, eu nunca me escandalizarei." Matheus 26:33. Ele tinha negado seu Senhor, mesmo com maldição e juramento; mas aquele olhar de Jesus como que dissolveu o coração de Pedro, e o salvou. Ele chorou amargamente, arrependeu-se de seu grande pecado e converteu-se; e, então, ficou preparado para fortalecer seus irmãos. 

                                                Na Sala do Julgamento 

    A multidão clamava pelo sangue de Jesus. Cruelmente O açoitaram e puseram sobre Ele uma velha veste real de púrpura, cingindo-Lhe a sagrada cabeça com uma coroa de espinhos. Puseram-Lhe na mão uma cana, prostravam-se diante dEle e escarnecedoramente O saudavam: "Salve, Rei dos judeus." Matheus 27:29. Tiraram-Lhe então da mão a cana, e com ela O feriram na cabeça, fazendo com que os espinhos penetrassem em Sua fronte e o sangue Lhe escorresse pelo rosto e barba. 

    Era difícil aos anjos suportar aquela cena. Desejavam libertar a Jesus, mas os anjos comandantes lhes proibiam isto, dizendo que era grande o resgate que deveria ser pago pelo homem; mas que este se completaria e ocasionaria a morte dAquele que tinha o poder da morte. Jesus sabia que os anjos estavam testemunhando a cena de Sua humilhação. O mais fraco dentre os anjos poderia fazer com que aquela multidão escarnecedora caísse impotente, e poderia livrar a Jesus. Ele sabia que, Se desejasse isto de Seu Pai, os anjos instantaneamente O livrariam. Era, porém, necessário que Ele sofresse a violência dos homens ímpios, a fim de levar a efeito o plano da salvação. 
    Jesus permaneceu manso e humilde perante a multidão enfurecida, enquanto Lhe davam os mais vis maus tratos. 

 Cuspiam naquele rosto do qual um dia desejarão esconder-se, e que dará luz à cidade de Deus resplandecendo mais do que o Sol. Cristo não lançou contra os que O ofendiam um olhar iroso. Cobriam-Lhe a cabeça com uma roupa velha, vendando-Lhe os olhos, e então O feriam no rosto e exclamavam: "Profetiza, quem é que Te feriu?" Lucas 22:64. Houve comoção entre os anjos. Eles O teriam livrado instantaneamente; mas seus anjos comandantes os contiveram. 

    Alguns dos discípulos se atreveram a entrar onde Jesus Se achava e testemunhar o Seu julgamento. Esperavam que Ele manifestasse Seu poder divino, que Se livrasse das mãos dos inimigos e os punisse pela crueldade para com Ele. Suas esperanças vinham e desapareciam ao transpirarem as diferentes cenas. Algumas vezes duvidavam, e temiam ter sido enganados. Mas a voz que ouviram no monte da transfiguração e a glória que ali contemplaram, fortaleceram-lhes a fé quanto a ser Ele o Filho de Deus. Recordaram-se das cenas que tinham testemunhado, dos milagres que tinham visto Jesus realizar ao curar os doentes, abrir os olhos aos cegos, desobstruir os ouvidos surdos, repreender e expelir os demônios, e restituir a vida aos mortos, e mesmo acalmar os ventos e o mar.

    Não podiam crer que Ele morreria. Esperavam que ainda Se levantasse com poder, e com Sua voz soberana dispersasse aquela multidão sedenta de sangue, como o fizera quando entrara no templo e expulsara os que estavam a fazer da casa de Deus lugar de mercadorias, e quando fugiram de diante dEle como se fossem perseguidos por um grupo de soldados armados. Os discípulos esperavam que Jesus manifestasse Seu poder e convencesse a todos de que era o Rei de Israel. 

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