No Jardim
Eis Jesus no horto, com Seus
discípulos. Com profunda tristeza mandou-lhes que vigiassem e orassem, para não
caírem em tentação. Sabia que sua fé deveria ser provada, e suas esperanças
iludidas, e que necessitariam de toda força que pudessem obter por um atento
vigiar e fervorosa oração. Com fortes brados e pranto, Jesus orou: "Pai,
se queres, passa de Mim este cálice, todavia não se faça a Minha vontade, mas a
Tua." Lucas 22:42. O Filho de Deus orava com agonia. Grandes gotas de
sangue juntavam-se em Seu rosto e caíam ao chão. Anjos pairavam no local,
testemunhando aquela cena, mas apenas um foi comissionado para ir fortalecer o
Filho de Deus em Sua agonia. Não havia alegria no Céu. Os anjos lançaram de si
as coroas e harpas, e com o mais profundo interesse observavam silenciosamente
a Jesus. Desejavam cercar o Filho de Deus, mas o anjo comandante não lhes
permitiu, para que não acontecesse, ao contemplarem eles Sua traição, que O
livrassem; pois o plano tinha sido formulado e deveria cumprir-se.
Depois que Jesus orou, veio
a Seus discípulos; eles, porém, estavam a dormir. Naquela hora terrível Ele não
tinha a simpatia e oração nem mesmo de Seus discípulos. Pedro, tão zeloso fora algum tempo antes, estava carregado de sono. Jesus
lembrou-lhe suas positivas declarações, dizendo-lhe: "Então, nem uma hora
pudeste vigiar comigo?" Matheus 26:40. Três vezes o Filho de Deus orou com
agonia.
Judas Trai a Jesus
Então apareceu Judas, com seu grupo de
homens armados. Aproximou-se de seu Mestre como de costume, para O saudar. O grupo
rodeou a Jesus; mas ali manifestou Ele o Seu poder divino, quando disse:
"A quem buscais? ... Sou Eu." João 18:4 e 5. Eles caíram para trás,
por terra. Jesus fez esta pergunta para que pudessem testemunhar o Seu poder, e
ter provas de que Ele poderia livrar-Se de suas mãos, se o quisesse.
Os discípulos começaram a ter esperanças,
ao verem a multidão com suas lanças e espadas cair tão rapidamente.
Levantando-se e de novo cercando o Filho de Deus, Pedro arrancou a espada e
feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Jesus mandou-lhe que
pusesse a espada em seu lugar, dizendo: "Ou pensas tu que Eu não poderia
agora orar a Meu Pai, e que Ele não Me daria mais de doze legiões de
anjos?" Matheus 26:53. Vi que, ao serem faladas estas palavras, os rostos
dos anjos se animaram com esperança. Desejavam naquele momento, ali mesmo,
rodear seu Comandante e dispersar a turba irosa. Mas, de novo a tristeza caiu
sobre eles, quando Jesus acrescentou: "Como pois se cumpririam as
Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?" Matheus 26:54. O
coração dos discípulos também caiu em desespero e amargo desapontamento, ao
deixar-Se Jesus ser levado pelos Seus inimigos.
Os discípulos temeram pela
própria vida, e todos eles O abandonaram e fugiram. Jesus foi deixado só nas
mãos da turba assassina. Oh, que triunfo então houve para
Satanás! E que tristeza e pesar entre os anjos de Deus! Muitos grupos de santos
anjos, cada qual com um alto anjo comandante à sua frente, foram enviados para
testemunhar a cena. Deveriam registrar todo insulto e crueldade impostos ao
Filho de Deus, e todo o transe de angústia que Jesus sofresse; pois os mesmos
homens que se uniram nesta cena terrível devem vê-la toda outra vez, em vívidos
caracteres.
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