Há muito os príncipes judeus
estavam ansiosos por prender Jesus, mas por receio de provocar um tumulto entre
o povo, não ousavam fazê-Lo abertamente. Por isso buscaram alguém que pudesse
traí-Lo secretamente e encontraram em Judas, um dos doze discípulos, a pessoa
para praticar esse ato vil.
Judas tinha naturalmente um
forte amor pelo dinheiro mas não era corrupto e vil a ponto de praticar tal
ato. Cultivou porém o espírito de avareza até que esse alcançou pleno domínio
sobre sua vida, e agora, podia vender o seu Senhor por trinta moedas de prata,
o preço de um escravo. Êxodo 21:28-32. Com um beijo traiu o Salvador no
Getsêmani.
Depois de entregá-Lo, seguiu
cada passo do Filho de Deus, desde o jardim até o interrogatório diante dos
príncipes do povo. Não acreditava que Jesus consentiria em ser morto por eles
conforme O ameaçaram.
Mas à medida que as horas passavam e Jesus Se
submetia pacientemente a todas as injúrias e insultos, um terrível medo
apossou-se do traidor levando-o a crer que, de fato, ele havia traído Seu
Mestre para ser morto.
Remorso Tardio
Quando o julgamento terminou, Judas não
pôde suportar mais a tortura de uma consciência culpada. De repente, uma voz
rouca ecoou no recinto provocando um calafrio de terror em todos os
presentes:
Ele é inocente. Poupa-O, Caifás. Nada fez
para merecer a morte! (Matheus 27:3 e 4.)
A figura alta de Judas foi vista abrindo
caminho pelo meio da multidão chocada. Seu rosto estava pálido e desfigurado e
grandes gotas de suor caíam-lhe da fronte. Avançando até o trono do julgamento,
atirou aos pés do sumo sacerdote as trinta peças de prata, o preço da traição.
Agarrou ansiosamente as vestes de Caifás e implorou-lhe que libertasse Jesus,
pois nEle não havia nenhum crime. Caifás, porém, repeliu-o, dizendo: "Que
nos importa? Isso é contigo." Matheus 27:4.
Judas então lançou-se aos
pés do Salvador. Confessou que Jesus era o Filho de Deus e implorou-Lhe que
livrasse a Si mesmo de Seus inimigos. Jesus sabia que Judas não havia se
arrependido verdadeiramente do seu ato. O falso discípulo temia a punição pelo
que havia feito, mas não sentiu genuína tristeza por ter entregado o imaculado
Filho de Deus.
Mesmo assim, Jesus não lhe
dirigiu nenhuma palavra de condenação. Olhou-o com piedade e disse: "Para
isso nasci e para isso vim ao mundo." João 18:37.
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