O Talento Removido
A sentença proferida contra o
servo preguiçoso foi: "Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os
dez talentos." Matheus 25:28. Neste caso, como na recompensa do obreiro
fiel, é indicado, não meramente o galardão do juízo final, mas o processo de
retribuição gradual nesta vida. Como no mundo natural, assim é no espiritual:
Toda habilidade não aproveitada enfraquecerá e definhará. Atividade é a lei da
vida; ociosidade é morte. "A manifestação do Espírito é dada a cada um
para o que for útil." I Corintios 12:7. Empregadas para abençoar a outros,
suas dádivas aumentam. Restritas ao serviço do próprio eu, diminuem e são
retiradas finalmente. Aquele que recusa repartir o que recebeu, finalmente
achará que nada tem para dar. Consente em um processo que certamente atrofia e
finalmente aniquila as faculdades da alma.
Ninguém suponha que possa viver
vida de egoísmo, e então, tendo servido aos próprios interesses, entrar no gozo
do Senhor. Não puderam participar da alegria de um amor desinteressado. Não se
adaptariam às cortes celestes.
Não poderiam apreciar a pura atmosfera de amor que impregna o Céu.
As vozes dos anjos e a música de suas harpas não lhes agradariam. Para sua
mente a ciência do Céu seria um enigma.
No grande dia de juízo, aqueles
que não trabalharam para Cristo, que vagaram sem ter responsabilidade alguma,
pensando em si mesmos, e agradando-se a si mesmos, serão postos pelo Juiz de
toda a Terra com aqueles que praticaram o mal. Receberão a mesma condenação.
Muitos que professam ser
cristãos desprezam as reivindicações de Deus, e, contudo, não sentem que há
injustiça nisso. Sabem que o blasfemo, o assassino, o adúltero, merecem
punição; porém eles mesmos acham prazer no culto religioso. Gostam de ouvir a
pregação do evangelho e por isto cuidam ser cristãos. Embora tenham passado
toda a vida cuidando de si mesmos, ficarão tão surpreendidos como o servo
infiel da parábola, ao ouvir a sentença: "Tirai-lhe, pois, o
talento." Matheus 25:28. Como os judeus, confundem a honra das bênçãos com
o uso que delas deveriam fazer.
Muitos dos que se eximem de
trabalhar para Cristo alegam sua incapacidade para a obra. Fê-los, porém, Deus
assim incapazes? Não, nunca. Essa incapacidade é o produto da sua própria
inércia, e perpetuada por sua escolha deliberada. Já em seu caráter reconhecem
o efeito da sentença: "Tirai-lhe, pois, o talento." O contínuo mau
emprego de seus talentos extinguir-lhes-á definitivamente o Espírito Santo, que
é a única luz. A sentença: "Lançai, pois, o servo inútil nas trevas
exteriores" (Matheus 25:30), imprime o selo do Céu sobre a escolha que eles
mesmos fizeram para a eternidade.
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