Tempo
Nosso tempo pertence a Deus.
Cada momento é Seu, e estamos sob a mais solene obrigação de aproveitá-lo para
Sua glória. De nenhum talento que nos concedeu requererá Ele mais estrita conta
do que de nosso tempo.
O valor do tempo supera toda
computação. Cristo considerava precioso todo momento, e assim devemos
considerá-lo. A vida é muito curta para ser esbanjada. Temos somente poucos
dias de graça para nos prepararmos para a eternidade. Não temos tempo para
dissipar, tempo para devotar aos prazeres egoístas, tempo para contemporizar
com o pecado. Agora é que nos devemos formar o caráter para a futura vida
imortal. Agora é que nos devemos preparar para o juízo investigativo.
A família humana apenas começou
a viver quando principia a morrer, e o trabalho incessante do mundo findará em
nada se não se adquirir verdadeiro conhecimento em relação à vida eterna. O
homem que aprecia o tempo como seu dia de trabalho, habilitar-se-á para a
mansão e para a vida que é imortal. Foi-lhe bom ter nascido.
Somos advertidos a remir o
tempo. O tempo esbanjado nunca poderá ser recuperado, porém. Não podemos fazer
voltar atrás nem sequer um momento. A única maneira de podermos remir nosso
tempo consiste em utilizar o melhor possível o que nos resta, tornando-nos
coobreiros de Deus em Seu grande plano de redenção.
Dá-se no homem que faz isto uma
transformação de caráter. Torna-se um filho de Deus, um membro da família real,
um filho do celeste Rei. É qualificado para a companhia dos anjos.
Agora é o tempo de trabalharmos para a salvação de nossos
semelhantes. Há quem pense que tudo quanto dele se exige é dar dinheiro para a
causa de Cristo; o tempo precioso em que poderia fazer serviço pessoal, para
Ele passa inutilmente. Mas o privilégio e dever de todos os que têm saúde e
força, é prestar serviço ativo para Deus. Todos têm que trabalhar na conquista
de almas para Cristo. Donativos não podem substituir isto.
Todo momento está carregado de
conseqüências eternas. Devemos estar preparados para prestar serviço em
qualquer momento. A oportunidade que agora temos de falar palavras de vida a
alguma alma necessitada, pode nunca mais apresentar-se. Deus pode dizer a
alguém: "Esta noite te pedirão a tua alma" (Lucas 12:20), e por nossa
negligência a mesma pode não estar preparada. No grande dia do juízo, como
prestaremos contas a Deus?
A vida é muito solene para ser
absorvida em negócios terrenos e temporais, em um remoinho de cuidados e
ansiedades pelas coisas terrenas que são apenas um átomo em comparação com as
de interesse eterno. Contudo, Deus nos chamou para servi-Lo nos afazeres
temporais da vida. Diligência nesta obra é tanto parte da religião verdadeira
como a devoção. A Bíblia não apóia a ociosidade, que é a maior maldição de
nosso mundo. Todo homem e mulher verdadeiramente convertidos serão diligentes
trabalhadores.
Do justo emprego do tempo
depende nosso êxito no conhecimento e cultura mental. A cultura do intelecto
não precisa ser tolhida por pobreza, origem humilde ou circunstâncias
desfavoráveis, contanto que se aproveitem os momentos. Alguns momentos aqui e
outros ali, que poderiam ser dissipados em conversas inúteis; as horas
matutinas tantas vezes desperdiçadas no leito; o tempo gasto em viagens de
bonde ou trem; ou em espera na estação; os minutos de espera pelas refeições,
de espera pelos que são impontuais - se se tivesse um livro à mão, e estes
retalhos de tempo fossem empregados estudando, lendo ou meditando, que não
poderia ser conseguido! O propósito resoluto, a aplicação persistente e
cautelosa economia de tempo, habilitarão os homens para adquirirem conhecimento
e disciplina mental que os qualificarão para quase qualquer posição de
influência e utilidade.
É o dever de todo cristão adotar hábitos de ordem, perfeição e
presteza. Não há desculpa para a morosidade e imperfeição em trabalho de
qualquer natureza. Quando alguém está sempre trabalhando, e a tarefa nunca está
concluída, é porque a mente e o coração não estão na obra. Os vagarosos, e que
trabalham sem o competente preparo, deveriam reconhecer que essas são faltas
para serem corrigidas. Precisam exercitar a mente em planejar como utilizar o
tempo para alcançar os melhores resultados. Com tino e método alguns
conseguirão em cinco horas o mesmo trabalho que outros em dez. Muitos que são
encarregados de tarefas domésticas estão sempre labutando, não porque tenham
tanto para fazer, mas por não planejarem como poupar tempo. Por causa de suas
maneiras morosas e lerdas fazem do pouco trabalho muito. Mas todos quantos
quiserem podem vencer estes hábitos falhos e lentos. Devem ter um alvo definido
em sua ocupação. Decidam quanto tempo requer certo trabalho, e então se
esforcem para executá-lo no dado tempo. O exercício da força de vontade tornará
as mãos mais ágeis.
Pela falta de decisão de se
reformarem radicalmente, as pessoas podem tornar-se arraigadas em maus
costumes; ou, pelo cultivo de todas as suas faculdades, adquirir a capacidade
de fazer o melhor serviço. Serão procuradas em toda e qualquer parte. Serão
apreciadas por tudo de que são dignas.
Muitas crianças e jovens dissipam o tempo que poderia ser empregado
no desempenho de ocupações domésticas, o que mostraria interesse amoroso no pai
e na mãe. Os jovens poderiam tomar sobre os ombros fortes muitas
responsabilidades que alguém precisa suportar.
A vida de Cristo, desde os mais
tenros anos, foi uma vida de fervorosa atividade. Não vivia para satisfazer-Se.
Era Filho do Deus infinito, não obstante trabalhava com Seu pai José na
carpintaria. Seu ofício era significativo. Viera a este mundo para edificar
caracteres, e como tal toda a Sua obra era perfeita. Em todo o Seu trabalho
secular manifestou a mesma perfeição que nos caracteres que transformava por
Seu divino poder. É nosso modelo.
Os pais devem ensinar a seus
filhos o valor e o bom uso do tempo. Ensinai-lhes que é digno esforçar-se para
fazer algo que honre a Deus e abençoe a humanidade. Mesmo na infância podem ser
missionários para Deus.
Os pais não podem cometer
pecado maior que permitir que seus filhos nada tenham para fazer. As crianças
aprendem logo a amar a ociosidade, e tornam-se homens e mulheres inúteis e sem
recursos. Quando tiverem idade suficiente para ganhar a sua subsistência e
achar ocupação, trabalharão de modo negligente e preguiçoso, e contudo
esperarão ser remunerados como se fossem fiéis. Há grande diferença entre esta
classe de trabalhadores e a dos que reconhecem o dever de serem mordomos de
confiança.
Hábitos indolentes e
descuidosos tolerados no trabalho secular serão introduzidos na vida religiosa,
e nos tornarão incapazes de fazer obra eficiente para Deus. Muitos que pelo
trabalho aplicado seriam uma bênção para o mundo, foram arruinados pela
ociosidade. A falta de ocupação e de propósito inabalável abre a porta para
milhares de tentações. Más companhias e hábitos viciosos depravam a mente e a
alma, e a conseqüência é ruína para esta vida e para a vindoura.
Qualquer que seja o ramo de trabalho em que estejamos empenhados,
a Palavra de Deus nos ensina a não ser "vagarosos no cuidado", e a
ser "fervorosos no espírito, servindo ao Senhor". Romanos 12:11.
"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas
forças" (Eclesiastes 9:10), "sabendo que recebereis do Senhor o
galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis." Colossenses 3:24.
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