O homem que foi à ceia sem a veste de bodas representa a condição
de muitos hoje em dia. Professam ser cristãos e reclamam as bênçãos e
privilégios do evangelho; contudo não sentem a necessidade de transformação de
caráter. Nunca sentiram verdadeiro arrependimento dos pecados. Não reconhecem a
necessidade de Cristo, nem exercem fé nEle. Não venceram suas inclinações para
a injustiça, herdadas e cultivadas. Contudo pensam ser bastante bons em si
mesmos, e confiam em seus próprios méritos em vez de nos de Cristo. Como
ouvintes da Palavra, vão ao banquete, mas não tomaram a veste da justiça de
Cristo.
Muitos que se chamam
cristãos são meros moralistas humanos. Recusaram a dádiva que, somente, podia
habilitá-los para honrar a Cristo com representá-Lo ao mundo. A obra do
Espírito Santo lhes é estranha. Não são praticantes da Palavra. Os princípios
celestes que distinguem os que são um com Cristo dos que se unem ao mundo,
tornaram-se quase indistintos. Os professos seguidores de Cristo não são mais
um povo separado e peculiar. A linha de demarcação é imperceptível. O povo
está-se subordinando ao mundo, às suas práticas, costumes e egoísmos. A igreja
passou para o mundo, transgredindo a lei, quando o mundo devia passar para a
igreja na obediência da mesma. Diariamente a igreja se está convertendo ao
mundo.
Todos estes esperam ser salvos pela morte de Cristo, ao passo que
recusam viver Sua vida de abnegação. Exaltam as riquezas da livre graça, e
procuram cobrir-se com a aparência de justiça, esperando assim ocultar os
defeitos de caráter, mas seus esforços serão vãos no dia de Deus.
A justiça de Cristo não
encobrirá pecado algum acariciado. O homem pode ser intimamente transgressor da
lei; todavia, se não comete um ato visível de transgressão, pode ser
considerado, pelo mundo, possuidor de grande integridade. A lei de Deus, porém,
lê os segredos do coração. Todo ato é julgado pelos motivos que o sugeriram.
Somente quem estiver de acordo com os princípios da lei de Deus, permanecerá em
pé no Juízo.
Deus é amor. Demonstrou
Ele este amor na dádiva de Cristo. Quando "deu o Seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João
3:16), nada reteve de Sua possessão adquirida. Deu todo o Céu, do qual podemos
tirar poder e eficiência para não sermos repelidos nem derrotados por nosso
grande adversário. Mas o amor de Deus não O leva a desculpar o pecado. Não o
desculpou em Satanás; não o escusou em Adão ou em Caim; nem o desculpará em
qualquer outro homem. Não tolerará nossos pecados, e não passará por sobre
nossos defeitos de caráter. Espera que vençamos em Seu nome.
Os que rejeitam o dom da
justiça de Cristo estão rejeitando os atributos de caráter que os constituiriam
filhos e filhas de Deus. Rejeitam aquilo que, unicamente, lhes poderia conceder
aptidão para um lugar na ceia de bodas.
Na parábola, ao perguntar o rei: "Como entraste aqui, não
tendo veste nupcial?" (Matheus 22:12) o homem emudeceu. Assim será no
grande dia de Juízo. Os homens agora podem justificar seus defeitos de caráter,
mas naquele dia não apresentarão desculpas.
As igrejas professas de
Cristo nesta geração desfrutam dos mais altos privilégios. O Senhor Se tem
revelado a nós numa luz sempre crescente. Nossos privilégios são muito maiores
que os do antigo povo de Deus. Temos não somente a grande luz proporcionada a
Israel, mas também a evidência crescente da grande salvação trazida a nós por
Cristo. Aquilo que para os judeus era o tipo e símbolo, é para nós realidade.
Eles tinham a história do Antigo Testamento; nós temos essa e a do Novo. Temos
a certeza de um Salvador que veio, um Salvador que foi crucificado, ressurgiu,
e, à borda do sepulcro de José, proclamou: "Sou a ressurreição e a
vida." João 11:25. Em nosso conhecimento de Cristo e de Seu amor, o reino
de Deus está posto no meio de nós. Cristo nos é revelado em sermões e cantado
em hinos. O banquete espiritual é-nos apresentado em farta abundância. A veste
de bodas provida com infinito custo, é oferecido liberalmente a toda pessoa.
Pelos mensageiros de Deus nos são expostas a justiça de Cristo, a justificação,
as excelentes e preciosas promessas da Palavra de Deus, o livre acesso ao Pai
por Cristo, o conforto do Espírito, e a bem-fundada certeza da vida eterna no
reino de Deus. Que poderia Deus fazer por nós, que não tenha feito em prover a
grande ceia, o banquete celestial?
No Céu é dito pelos anjos ministradores: Executamos a obra para
que fomos enviados. Repelimos os exércitos dos anjos maus. Enviamos luz e
claridade à mente dos homens, avivando-lhes a memória do amor de Deus expresso
em Jesus. Atraímos-lhes os olhares para a cruz de Cristo. Seu coração foi
movido profundamente pelo sentimento do pecado, que crucificou o Filho de Deus.
Foram convencidos. Viram os passos que devem ser dados na conversão; sentiram o
poder do evangelho; seu coração foi sensibilizado ao verem a excelência do amor
de Deus. Contemplaram a beleza do caráter de Cristo. Mas com a maioria, foi
tudo em vão. Não quiseram submeter seus próprios hábitos e caráter. Não
quiseram depor as vestes terrenas para serem trajados com as do Céu. Seu
coração era dado à avareza. Amavam mais a companhia do mundo do que a de Deus.
Solene será o dia da
decisão final. Em visão profética, o apóstolo João o descreve: "Vi um
grande trono branco e O que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu
a Terra e o Céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e
pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro
livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas
nos livros, segundo as suas obras." Apocalipse 20:11 e 12.
Triste será o
retrospecto naquele dia em que os homens defrontarem face a face a eternidade.
Toda a vida se apresentará justamente como foi. Os prazeres, riquezas e honras
do mundo não parecerão tão importantes. Os homens hão de ver que somente a
justiça que desprezaram é de valor. Verão que formaram o caráter sob a sedução
enganadora de Satanás. As vestes que escolheram são o estigma de sua aliança ao
primeiro grande apóstata. Então hão de ver a conseqüência de sua escolha. Terão
conhecimento do que significa transgredir os mandamentos de Deus.
Não haverá oportunidade futura em que os homens se poderão
preparar para a eternidade. Nesta vida é que devemos trajar as vestes da justiça
de Cristo. Esta é a nossa única oportunidade de formar caráter para o lar que
Cristo preparou para os que obedecem aos Seus mandamentos.
Rapidamente, os dias de
graça estão terminando. O fim está próximo. É-nos feita a advertência:
"Olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carreguem de
glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de
improviso aquele dia." Lucas 21:34. Vigiai para que não vos encontre
desapercebidos. Acautelai-vos para que não sejais achados na ceia do rei sem
vestes nupciais.
"Porque o Filho do
homem há de vir à hora em que não penseis." Matheus 24:44.
"Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não
ande nu, e não se vejam as suas vergonhas." Apocalipse 16:15.
Nenhum comentário:
Postar um comentário