Deus não dá permissão ao homem para violar as
leis de seu ser. Mas o homem, cedendo às tentações de Satanás quanto à
condescendência com a intemperança, põe suas mais altas faculdades em sujeição
aos apetites e paixões sensuais, e quando isto ganha a ascendência, o homem,
que foi criado um pouco menor do que os anjos, com faculdades suscetíveis à
mais alta cultura, entrega-se ao controle de Satanás. Este ganha facilmente acesso
àquele que está preso ao apetite. Através da intemperança, alguns sacrificam a
metade e outros, dois terços do seu poder físico, mental e moral, e tornam-se
brinquedos nas mãos do inimigo.
Aqueles que querem ter mente clara para
discernir os engodos de Satanás devem ter o apetite físico sob o domínio da
razão e da consciência. A ação moral e vigorosa dos altos poderes da mente é
essencial ao aperfeiçoamento do caráter cristão; e a força ou a fraqueza da
mente tem muito a ver com a nossa atitude e utilidade neste mundo, e com a
salvação final. É deplorável a ignorância que tem prevalecido concernente à lei
de Deus em nossa natureza física. A intemperança de qualquer espécie é uma
violação das leis do nosso ser. A imbecilidade está prevalecendo em uma proporção
assustadora. O pecado se torna atraente, revestido por uma luz, e Satanás se
alegra muito quando pode reter o mundo cristão em seus hábitos diários, sob a
tirania do costume, como os pagãos, permitindo ser governado pelo apetite.
Se homens e mulheres
inteligentes tiverem suas faculdades morais entorpecidas pela intemperança de
qualquer espécie, estarão, em muitos de seus hábitos, muito pouco acima dos
pagãos. Satanás está constantemente atraindo pessoas da luz salvífica para o
costume e a moda, sem consideração para com a saúde física, mental e moral. O
grande inimigo sabe que se predominarem a paixão e o apetite, a saúde do corpo
e a força do intelecto serão sacrificadas no altar da satisfação própria, e o
homem acelerará sua ruína.
Se um intelecto erudito segurar suas rédeas,
controlando as propensões animalescas e conservando-as em sujeição às
faculdades morais, Satanás sabe muito bem que é pequena sua possibilidade de
vencer a tentação.
Em nossos dias fala-se da Idade Média e se orgulham
do progresso. Com este progresso, porém, impiedade e crime não diminuem.
Deploramos a ausência da simplicidade natural e o aumento da tentação
artificial. Saúde, força, beleza e longevidade, que eram comuns na chamada
"Idade Média" são agora raros. Quase tudo que é desejável
sacrifica-se para satisfazer às demandas da vida que segue a moda.
Grande parte do mundo
cristão não tem o direito de se chamar cristãos. Seus hábitos, suas
extravagâncias e o cuidado do corpo em geral constituem uma violação das leis
da saúde e se opõem ao ensino da Bíblia. Estão se preparando no decurso da vida
para o sofrimento físico e a fraqueza mental e moral.
Através de seus enganos,
Satanás, em muitos casos, tem tornado a vida doméstica cheia de complicações,
com o intuito de satisfazer às demandas da moda. Fazendo isto, seu propósito é
conservar a mente tão ocupada com as coisas da vida que não possa dar um pouco
de atenção ao que é de maior interesse. A intemperança no comer e no vestir tem
absorvido tanto a mente do mundo cristão que não tem tempo para se tornar
inteligente no tocante às leis da vida, obedecendo-lhes. Professar o nome de
Cristo pouco significa se a vida não corresponde à vontade de Deus, revelada em
Sua Palavra.
No deserto da tentação Cristo venceu o apetite.
O Seu exemplo de abnegação e de domínio próprio quando sofreu a atormentadora
ânsia da fome, é uma censura ao mundo cristão por sua dissipação e glutonaria.
Gasta-se atualmente nove vezes mais dinheiro na satisfação do apetite, na condescendência
com a insensata e danosa luxúria, do que é dado para a divulgação do evangelho
de Cristo.
Estivesse Pedro hoje na Terra, exortaria os
professos seguidores de Cristo a abster-se da luxúria carnal que guerreia
contra a alma. Paulo convocaria as igrejas em geral para purificar-se "de
toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de
Deus". II Coríntios 7:1. E Cristo expulsaria do templo aqueles que estão
contaminados pelo uso do fumo, poluindo o santuário de Deus com sua respiração
poluída. Diria a estes adoradores o que disse aos judeus: "A Minha casa
será chamada por todas as nações casa de oração. Mas vós a tendes feito covil
de ladrões." Marcos 11:17. Diria a tais pessoas que suas ofertas profanas,
expelidas de pedaços de fumo, contaminam o templo e aborrecem a Deus. Seu culto
não é aceitável porque o corpo, que deveria ser o templo do Espírito Santo,
está contaminado. Você também rouba o tesouro de Deus em milhares de dólares,
através da condescendência com o apetite desnaturado.
Se víssemos a norma da virtude e a exaltada
piedade, como cristãos, teríamos um trabalho a desenvolver, por nós
individualmente, para controlar o apetite, a condescendência que neutraliza a
força da verdade e enfraquece o poder moral para resistir e vencer a tentação.
Como seguidores de Cristo devemos agir por princípio no comer e no beber. Se
obedecêssemos à injunção do apóstolo: "Quer comais, quer bebais ou façais
outra qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (I Coríntios
10:31), milhares de dólares que agora são sacrificados no altar maléfìco da
luxúria afluiriam para o tesouro do Senhor, multiplicando as publicações em
diferentes línguas para serem espalhadas como folhas do outono. Missões seriam
estabelecidas em outras nações e então os seguidores de Cristo, na verdade,
seriam a luz do mundo.
O adversário está trabalhando nestes últimos
dias com grande poder, como nunca antes, para conseguir arruinar o homem
através da condescendência com o apetite e as paixões. Muitos dos que estão
presos sob o poder escravizante do apetite, são professos seguidores de Cristo.
Professam adorar a Deus, ao passo que o apetite é o seu deus. Seus desejos
desnaturados por estas condescendências, não são controlados pela razão ou
juízo. Os que são escravos do fumo, verão a família sofrer as inconveniências
da vida e a necessidade de alimento. Contudo, não têm força de vontade para
renunciar ao fumo. Os clamores do apetite prevalecem sobre a tendência natural
e esta paixão animalesca os domina. A causa do Cristianismo, e mesmo da
humanidade, de modo algum seria sustentada se dependesse daqueles que
habitualmente usam fumo e bebidas alcoólicas. Se tivessem recursos para usar
numa só direção, a tesouraria de Deus não seria reabastecida, mas eles teriam
seu fumo e bebidas alcoólicas. A fim de idolatrar o fumo não dirão
"não" ao apetite pela causa de Deus.
E impossível que essas pessoas reconheçam as
reivindicações e a santidade da lei de Deus, porque seu cérebro e nervos estão
amortecidos pelo uso destes narcóticos. Não podem avaliar a preciosidade da
expiação e apreciar a vida imortal. A condescendência com a luxúria carnal
guerreia contra a alma. O apóstolo dirige-se aos cristãos numa linguagem bem
impressiva: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que
apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus."
Romanos 12:1. Se o corpo é saturado pela bebida alcoólica e contaminado pelo
fumo, não é santo e aceitável a Deus. Satanás sabe que não pode ser, e
justamente por isto leva suas tentações no tocante ao apetite, escravizando-nos
nesta propensão e levando-nos à ruína.
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