Por ocasião do nascimento de Cristo, Satanás viu
as planeies de Belém iluminadas pela brilhante glória de uma multidão de anjos
celestiais. Ouviu o seu cântico: "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra,
boa vontade para com os homens!" Lucas 2:14. O príncipe das trevas viu os
pastores maravilhados, cheios de temor, observando as planícies iluminadas.
Tremiam diante da exibição de ofuscante glória que parecia penetrar nos seus
sentidos. O próprio chefe rebelde tremeu ante a proclamação do anjo aos
pastores: "Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria,
que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador,
que é Cristo, o Senhor." Lucas 2:10 e 11. Tinha delineado com grande êxito
um plano para arruinar os homens e tornara-se audacioso e poderoso. Controlara
a mente e o corpo dos homens desde Adão até ao primeiro aparecimento de Cristo.
Mas agora Satanás estava em dificuldade e alarmado pelo seu reino e sua vida.
Pelo cântico dos mensageiros celestiais,
proclamando o advento do Salvador ao mundo caído, e o regozijo expresso neste
grande evento, Satanás sabia que não lhe era reservada boa coisa. Um sinal
negro se lhe abateu sobre a mente: o que a influência deste advento ao mundo
poderia causar ao seu reino. Indagava se isto não era a vinda daquele que
contestaria o seu poder e destruiria o seu reino. Considerou a Cristo, desde o
Seu nascimento, como rival. Promoveu a inveja e o ciúme de Herodes para destruir
a Cristo, insinuando que o seu poder e o seu reino estavam prestes a ser dados
a Este novo Rei. Satanás imbuiu Herodes dos mesmos sentimentos e temor que
perturbavam sua própria mente. Inspirou a intenção corrupta de Herodes, de
matar todas as crianças de Belém, que tinham até dois anos de idade, plano
este, pensava ele, que teria êxito em livrar a Terra do infante Rei.
Todavia, contra seus planos, Satanás vê um mais
elevado poder operando. Anjos de Deus protegiam a vida do infante Redentor.
José foi avisado em sonho, que fugisse para o Egito, encontrando asilo para o
Redentor do mundo numa terra pagã. Satanás O seguiu desde a infância até a
juventude e da juventude até a vida adulta, cogitando meios e maneiras para
desviá-Lo de Sua submissão a Deus, e dominá-Lo com suas sutis tentações. A
imaculada pureza da infância, juventude e vida adulta de Cristo, que Satanás
não podia manchar, aborrecia-o excessivamente. Todos os seus dardos e flechas
de tentações caíam inofensivas diante do Filho de Deus. E quando ele viu que
todas as suas tentações não resultavam em nada para desviar a Cristo de Sua
leal integridade, ou macular a impecável pureza do Jovem Galileu, ficou
perplexo e terrivelmente enfurecido. Olhava para esse Jovem como um inimigo que
ele mais receava e temia.
Esse deveria ser Aquele que andaria sobre a
Terra com poder moral para suportar todas as suas tentações, que resistiria a
todas as suas atrativas seduções para persuadi-Lo a pecar, e sobre quem ele não
obteria nenhuma vantagem para separá-Lo de Deus. Tudo isto provocava e irritava
sua majestade satânica.
A infância, juventude e vida adulta de João, que veio no espírito e
poder de Elias para fazer uma obra de preparo do caminho para o Redentor do
mundo, foi marcada por firmeza e poder moral. Satanás não pôde afastá-lo de sua
integridade. Quando a voz do profeta foi ouvida no deserto: "Preparai o
caminho do Senhor, endireitei as suas veredas" (Matheus 3:3), Satanás
temeu pelo seu reino. Sentiu que a voz, soando no deserto como som de trombeta,
levava pecadores sobre seu controle a tremer. Viu que o seu poder sobre muitos
estava quebrado. A intensidade do pecado foi revelada de tal maneira que os
homens ficaram alarmados; e alguns, pelo arrependimento de seus pecados, encontraram
o favor de Deus e obtiveram poder moral para resistir às suas tentações.
Ele estava presente quando Cristo Se apresentou
a João para o batismo. Ouviu a voz majestosa ressoando através do Céu e ecoando
pela Terra como estrépito de trovão. Viu os relâmpagos das nuvens dos céus e
ouviu as respeitáveis palavras de Jeová: "Este é o Meu Filho amado, em
quem Me comprazo." Matheus 3:17. Viu o resplendor da glória do Pai
cobrindo a forma de Jesus, apontando assim à multidão Aquele a quem Ele
reconhecia como Seu Filho, com inegável segurança. As circunstâncias
relacionadas com a cena batismal despertaram o mais intenso ódio no peito de
Satanás. Agora sabia com certeza que, se não pudesse dominar a Cristo, a partir
desse tempo seu poder seria limitado. Compreendeu que a comunicação do trono de
Deus significava que o Céu estava mais diretamente acessível ao homem.
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