terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Acordando com Lia


Ao amanhecer, viu que era Lia.” Gênesis 29:25.

Jacó, no idealismo de seu amor quase idolátrico por Raquel, julgou que, se ele a tivesse, tudo estaria resolvido em sua vida. Na noite de sua grande fantasia, ele vai para a câmara nupcial pensando ter a mulher de sua paixão. Contudo, de manhã, "viu que era Lia". Essa é uma miniatura das desilusões humanas, experimentadas desde o Éden. O que isso quer dizer? No fim, significa que, não importa onde coloquemos nossa esperança, "ao amanhecer", encontraremos sempre Lia, nunca Raquel.

Provavelmente, ninguém, em tempos recentes, coloca a questão melhor do que C. S. Lewis, em seu clássico Cristianismo Puro e Simples: "A maioria das pessoas, se elas realmente aprenderam a olhar dentro de seu coração, saberia que aquilo que elas profundamente desejam é algo que nunca terão neste mundo. Há toda sorte de coisas que este mundo nos oferece, mas essas coisas nunca cumprem suas promessas completamente. Os anseios que surgem em nós quando amamos pela primeira vez ou quando pensamos em algum país distante... são anseios que nenhum casamento, nenhuma viagem ou aprendizado podem realmente satisfazer."

Lewis não está falando aqui de casamentos malsucedidos ou planos que dão errado. De fato, ele está se referindo ao melhor. O melhor que podemos alcançar será sempre, por uma razão ou outra, sonhos incompletos. Se, como Jacó, você coloca todas as esperanças na pessoa com quem você se casa, você a esmagará com suas expectativas. Nenhuma pessoa pode dar à sua alma tudo aquilo que você anseia. Isso se aplica também às carreiras profissionais, negócios, posses e qualquer outra coisa que seja parte de nossos melhores planos neste planeta. Você pode pensar ter "Raquel" em seus braços, mas a realidade tem sua forma de fazê-lo despertar com "Lia".

O grande problema é esperar muito daquilo que nunca pode corresponder às nossas expectativas. Então você pode condenar-se, acusar outras pessoas ou amaldiçoar o mundo, tornando-se amargo, cínico e vazio. Ou você poderá, como C. S. Lewis sugere, no fim do capítulo, reorientar o foco de sua vida em direção a Deus. Lewis conclui: "Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro mundo, algo sobrenatural e eterno.

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