"De maneira nenhuma, jureis." Matheus 5:34.
É apresentada a razão
para isso: não devemos jurar "pelo Céu, porque é o trono de Deus, nem pela
Terra, porque é o escabelo de Seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do
grande Rei, nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco
ou preto". Matheus 5:34-36.
Todas as coisas vêm de
Deus. Nada temos que não tenhamos recebido; e, mais ainda, não temos nada que
não haja sido comprado para nós pelo sangue de Cristo. Tudo quanto possuímos,
recebemos selado com a cruz, comprado com o sangue cujo valor é inapreciável,
pois é a vida de Deus. Daí, não há coisa alguma que, como se fora nossa mesma,
tenhamos o direito de empenhar para o cumprimento de nossa palavra.
Os judeus compreendiam o
terceiro mandamento como proibição do emprego profano do nome de Deus; mas se
julgavam na liberdade de empregar outros juramentos. O jurar era coisa comum
entre eles. Haviam sido proibidos, por intermédio de Moisés, de jurar
falsamente; mas tinham muitos meios de se livrar da obrigação imposta por um
juramento. Não temiam condescender com o que era realmente profano, nem
recuavam do perjúrio, contanto que o mesmo estivesse velado por qualquer
técnica evasiva à lei.
Jesus lhes condenou as
práticas, dizendo que seu costume de jurar era uma transgressão ao mandamento
de Deus. Nosso Salvador não proibiu, todavia, o emprego do juramento judicial,
no qual Deus é solenemente invocado para testificar que o que se diz é verdade,
e nada mais que a verdade. O próprio Jesus, em Seu julgamento perante o
Sinédrio, não Se recusou a testificar sob juramento. Disse-Lhe o sumo
sacerdote: "Conjuro-Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o
Filho de Deus." Jesus respondeu: "Tu o disseste." Matheus 26:63
e 64. Houvesse Cristo, no Sermão do Monte condenado o juramento judicial, em
Seu julgamento haveria reprovado o sumo sacerdote, reforçando assim, para
benefício de Seus seguidores, Seus próprios ensinos.
Muitos, muitos há que não temem enganar seus semelhantes; mas
foi-lhes ensinado, e eles foram impressionados pelo Espírito de Deus, que é
terrível coisa mentir a seu Criador. Quando postos sob juramento, é-lhes feito
sentir que não estão testemunhando apenas diante dos homens, mas perante Deus;
que se derem falso testemunho, é Àquele que lê no coração, e que sabe a exata
verdade. O conhecimento dos terríveis juízos que se têm seguido a esse pecado
tem uma influência refreadora sobre eles.
Mas se existe alguém que
possa coerentemente testificar sob juramento, esse é o cristão. Ele vive
constantemente como na presença de Deus, sabendo que todo pensamento está
aberto perante os olhos daquele com quem temos de tratar; e, quando lhe é
exigido fazer assim em uma maneira legal, é-lhe lícito apelar para Deus como
testemunha de que o que ele diz é a verdade, e nada senão a verdade.
Jesus estabeleceu então
um princípio que tornaria desnecessário o juramento. Disse que a exata verdade
deve ser a lei da linguagem. "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não,
não, porque o que passa disso é de procedência maligna." Matheus 5:37.
Essas palavras condenam todas aquelas frases sem sentido e
palavras expletivas, que beiram a profanidade. Condenam os enganosos
cumprimentos, a evasiva da verdade, as frases lisonjeiras, os exageros, as
falsidades no comércio, coisas comuns na sociedade e no comércio do mundo. Elas
ensinam que ninguém que busque parecer o que não é, ou cujas palavras não
exprimam o sentimento real do coração, pode ser chamado verdadeiro.
Caso fossem ouvidas
essas palavras de Cristo, elas impediriam a enunciação de ruins suspeitas e
crítica má; pois, comentando as ações e os motivos de outro, quem pode estar
certo de que o que diz é a justa verdade? Quantas vezes o orgulho, a paixão, o
ressentimento pessoal, dão cores à impressão transmitida! Um olhar, uma
palavra, a própria entonação da voz, podem estar cheios de mentira. Mesmo os
fatos podem ser declarados de modo a dar uma falsa impressão. E "o que
passa" da verdade "é de procedência maligna". Matheus 5:37.
Tudo quanto os cristãos
fazem deve ser tão transparente como a luz do Sol. A verdade é de Deus; o
engano, em todas as suas múltiplas formas, é de Satanás; e quem quer que, de
alguma maneira, se desvia da reta linha da verdade, está-se entregando ao poder
do maligno. Não é, todavia, coisa leve ou fácil falar a exata verdade; e
quantas vezes opiniões preconcebidas, peculiares disposições mentais,
imperfeito conhecimento, erros de juízo, impedem uma justa compreensão das
questões com que temos de lidar! Não podemos falar a verdade, a menos que nossa
mente seja continuamente dirigida por Aquele que é a verdade.
Cristo nos recomenda por
intermédio do apóstolo Paulo: "A vossa palavra seja sempre
agradável." Colossenses 4:6. "Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos
que a ouvem." Efésios 4:29. À luz destas passagens, as palavras de Cristo
no monte condenam as galhofas, as futilidades, as conversas impuras. Exigem que
nossas palavras sejam, não somente verdadeiras, mas puras.
Aqueles que têm aprendido de Cristo não terão comunicação
"com as obras infrutuosas das trevas". Efésios 5:11. Na linguagem,
como na vida, serão simples, retos e verdadeiros; pois estão-se preparando para
a companhia daqueles santos em cuja boca "não se achou engano".
Apocalipse 14:5.
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