"É lícito ao homem repudiar sua mulher?" Matheus 19:3.
Entre os judeus era
permitido ao homem repudiar sua mulher pelas mais triviais ofensas, e a mulher
se achava então em liberdade de casar outra vez. Este costume levava a grande
infelicidade e pecado. No Sermão do Monte, Jesus declarou plenamente que não podia
haver dissolução do laço matrimonial, a não ser por infidelidade do voto
conjugal. "Qualquer", disse Ele, "que repudiar sua mulher, a não
ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que
casar com a repudiada comete adultério." Matheus 5:32.
Quando, posteriormente,
os fariseus O interrogaram acerca da legalidade do divórcio, Jesus apontou a
Seus ouvintes a antiga instituição do casamento, segundo foi ordenada na
criação. "Moisés", disse Ele, "por causa da dureza do vosso
coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, no princípio, não foi
assim." Matheus 19:8. Ele lhes chamou a atenção para os abençoados dias do
Éden, quando Deus declarou tudo "muito bom". Gênesis 1:31. Então
tiveram origem o casamento e o sábado, instituições gêmeas para a glória de
Deus no benefício da humanidade. Então, ao unir o Criador as mãos do santo par
em matrimônio, dizendo: Um homem "deixará... o seu pai e a sua mãe e
apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gênesis 2:24),
enunciou a lei do matrimônio para todos os filhos de Adão, até ao fim do tempo.
Aquilo que o próprio Pai Eterno declarou bom, era a lei da mais elevada bênção
e desenvolvimento para o homem.
Como todas as outras boas dádivas de Deus concedidas para a
conservação da humanidade, o casamento foi pervertido pelo pecado; mas é o
desígnio do evangelho restituir-lhe a pureza e a beleza. Tanto no Antigo como
no Novo Testamentos, a relação matrimonial é empregada para representar a terna
e sagrada união existente entre Cristo e Seu povo, os remidos a quem Ele
comprou a preço do Calvário. "Não temas", diz Ele; "porque o teu
Criador é o teu marido; Senhor dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de Israel
é o teu Redentor." Isaías 54:4 e 5. "Convertei-vos, ó filhos
rebeldes, diz o Senhor; porque Eu vos desposarei." Jeremias 3:14. No
Cântico dos Cânticos ouvimos a voz da esposa, dizendo: "O meu Amado é meu,
e eu sou dele." Cantares 2:16. E Aquele que é para ela "o mais distinguido
entre dez mil" (Cantares 5:10), fala a Sua escolhida: "Tu és toda
formosa, amiga Minha, e em ti não há mancha." Cantares 4:7.
Posteriormente Paulo, o
apóstolo, escrevendo aos cristãos efésios, declara que o Senhor constituiu o
marido a cabeça da mulher, para ser-lhe protetor, o elo que liga os membros da
família, da mesma maneira que Cristo é a cabeça da igreja, e o Salvador do
corpo místico. Portanto Ele diz: "Assim como a igreja está sujeita a
Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido. Vós,
maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a Si mesmo
Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a
lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim
devem os maridos amar a sua própria mulher." Efésios 5:24-28.
A graça de Cristo, e ela
somente, pode tornar essa instituição o que Deus designou que fosse: um meio
para a bênção e reerguimento da humanidade. E assim as famílias da Terra, em
sua união, paz e amor, podem representar a família do Céu.
Hoje, como nos dias de
Cristo, a condição da sociedade apresenta triste quadro do ideal celeste dessa
sagrada relação. No entanto, mesmo para os que depararam com amargura e
desengano quando haviam esperado companheirismo e alegria, o evangelho de
Cristo oferece um consolo. A paciência e a gentileza que Seu Espírito pode
comunicar, suavizará a condição de amargura. O coração em que Cristo habitar, estará
tão repleto, tão satisfeito com Seu amor, que se não consumirá no desejo de
atrair simpatia e atenção para si próprio. E pela entrega da alma a Deus, Sua
sabedoria pode realizar o que a sabedoria humana deixa de fazer. Por meio da
revelação de Sua graça, os corações que uma vez estiveram indiferentes ou
desafeiçoados podem ser unidos em laços mais firmes e mais duradouros que os da
Terra - os áureos laços do amor que suportará o calor da provação.
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