terça-feira, 23 de agosto de 2016

18 (Parábolas de Jesus) Um Convite Generoso - Parte Final


O mundo perece pela carência do evangelho. Há fome da Palavra de Deus. Poucos pregam a Palavra não misturada com tradições humanas. Embora tenham os homens nas mãos a Bíblia, não recebem as bênçãos que, para eles, Deus nela colocou. O Senhor chama Seus servos para levar a mensagem ao povo.
A Palavra da vida eterna deve ser dada aos que perecem em seus pecados.
Na ordem de ir pelos caminhos e valados, Cristo apresenta a tarefa, a todos os que chama, de ministrar em Seu nome. Todo o mundo é o campo para os ministros de Cristo. Toda a família humana está compreendida em sua congregação. O Senhor deseja que Sua Palavra de misericórdia seja levada a toda pessoa.
Isso deve ocorrer principalmente pelo serviço pessoal. Era o método de Cristo. Sua obra consistia grandemente em entrevistas pessoais. Tinha fiel consideração pelo auditório de uma só pessoa. Por esse único ouvinte, a mensagem, muitas vezes, era proclamada a milhares.
Não devemos esperar que as almas venham a nós; precisamos procurá-las onde estiverem. Quando a Palavra é pregada do púlpito, o trabalho apenas começou. Há multidões que nunca serão alcançadas pelo evangelho se ele não lhes for levado.
O convite para o banquete foi dado primeiramente ao povo judeu, ao povo que fora escolhido para ser professor e guia entre os homens, ao povo em cujas mãos estavam os escritos proféticos que prediziam o advento de Cristo, e a quem fora confiado o serviço simbólico que prefigurava Sua missão. Tivessem os sacerdotes e o povo atendido ao convite, ter-se-iam unido aos mensageiros de Cristo para estender ao mundo o convite evangélico. A verdade foi-lhes enviada para que a comunicassem a outros. Escusando-se ao convite, foi este enviado aos pobres, aleijados, mancos e cegos. Publicanos e pecadores aceitaram o convite. Quando o convite do evangelho é dirigido aos gentios, continua o mesmo plano de trabalho. A mensagem deve ser proclamada primeiramente "pelos caminhos" - aos homens que têm parte ativa no trabalho do mundo, aos mestres e guias do povo.
Os mensageiros do Senhor devem manter isto em mente. Deve atingir os pastores do rebanho, os mestres divinamente ordenados, como uma advertência a ser atendida. Aqueles que pertencem às camadas sociais mais elevadas devem ser procurados com terna afeição e respeito fraternal. Homens de negócios, em altas posições de confiança, homens de faculdades inventivas e intuição científica, intelectuais, mestres do evangelho, cuja atenção não foi dirigida para as verdades especiais deste tempo - esses devem ser os primeiros a ouvir o convite. A eles deve ser feito o convite.
Há uma obra que deve ser feita em prol dos ricos. Precisam ser despertados para reconhecer sua responsabilidade como a quem foram confiados dons do Céu. Devem ser lembrados de que precisam prestar contas Àquele que julgará os vivos e os mortos. Os ricos necessitam de seu trabalho no amor e temor de Deus. Muitíssimas vezes confiam eles nas riquezas, e não sentem o perigo. Seus olhos da mente precisam ser atraídos para as coisas de valor duradouro. Precisam reconhecer a autoridade da verdadeira bondade, que diz: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve." Matheus 11:28-30.
Aqueles que por sua instrução, riqueza ou fama, ocupam posição saliente no mundo, raramente são abordados pessoalmente sobre os interesses da alma. Muitos obreiros cristãos hesitam em aproximar-se destas classes. Mas isto não deve acontecer. Se um homem se estivesse afogando, não permaneceríamos imóveis, vendo-o perecer, porque é advogado, negociante ou juiz. Se víssemos pessoas rolando a um precipício, não hesitaríamos em socorrê-las, qualquer que fosse sua posição ou profissão. Semelhantemente, não devemos hesitar em advertir os homens do perigo da alma.
Ninguém deve ser negligenciado por causa da aparente devoção às coisas materiais. Muitos da alta camada social estão pesarosos e cansados da vaidade; anseiam uma paz que não possuem. Nas mais elevadas classes da sociedade há homens que têm fome e sede de salvação. Muitos receberiam auxílio se os obreiros do Senhor deles se aproximassem pessoalmente de maneira cortês, com o coração sensibilizado pelo amor de Cristo.
O êxito da mensagem evangélica não depende de discursos estudados, de testemunhos eloqüentes nem de argumentos profundos. Depende da simplicidade da mensagem e de sua adaptação às almas que têm fome do pão da vida. "Que é necessário que eu faça para me salvar?" (Atos 16:30) - é a necessidade da alma.
Milhares podem ser alcançados pelo modo mais simples e modesto. Os mais intelectuais, considerados os homens e mulheres mais prendados do mundo, são muitas vezes refrigerados pelas palavras simples de alguém que ama a Deus e fala desse amor tão naturalmente como os mundanos o fazem das coisas que mais profundamente lhes interessam.
Freqüentemente as palavras bem preparadas e estudadas têm pouca influência. Mas a expressão verdadeira e sincera de um filho ou filha de Deus, dita em simplicidade natural, tem poder para abrir a porta do coração que durante muito tempo esteve cerrada para Cristo e Seu amor.
Lembrem os obreiros de Cristo que não têm que trabalhar em sua própria força. Apoderem-se do trono de Deus com fé em Seu poder de salvar. Instem com Deus em oração, e trabalhem então com todas as facilidades que Deus lhes proporcionou. O Espírito Santo é provido como sua eficiência. Anjos ministradores estarão a seu lado para impressionar os corações.
Que centro missionário não seria Jerusalém, se seus guias e mestres houvessem recebido a verdade por Cristo! O Israel apóstata teria sido convertido. Um grande exército se teria congregado para o Senhor. Com que rapidez não teriam levado o evangelho a todas as partes do mundo! Assim, agora, que obra não poderia ser realizada para levantar os caídos, asilar os desterrados e pregar as boas-novas da salvação, se homens influentes e de grande capacidade fossem ganhos para Cristo! Rapidamente poderia ser feito o convite, e reunidos os convidados para a mesa do Senhor.
Contudo, não devemos pensar somente nos grandes e talentosos homens com desprezo das classes mais pobres. Cristo instrui Seus mensageiros para ir também pelos caminhos e valados, aos pobres e humildes da Terra. Nos cortiços e vielas das grandes cidades, nos caminhos solitários do campo, há famílias e indivíduos - talvez estrangeiros em Terra estranha - que não pertencem a nenhuma igreja, e na solidão chegam a sentir que Deus deles Se esqueceu. Não sabem o que devem fazer para serem salvos. Muitos sucumbem no pecado. Muitos estão acabrunhados. Estão opressos de sofrimentos e vicissitudes, incredulidade e desespero. Acometem-nos doenças de toda espécie, da alma e do corpo. Anelam encontrar consolo para os tormentos, e Satanás tenta-os a procurá-lo nos prazeres e divertimentos que conduzem à ruína e morte. Oferece-lhes os pomos de Sodoma, que se reduzirão a cinzas em seus lábios. Gastam dinheiro naquilo que não é pão, e trabalham por aquilo que não satisfaz.
Devemos ver nesses sofredores aqueles a quem Cristo veio salvar. Seu convite é: "Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. ... Ouvi-Me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os ouvidos e vinde a Mim; ouvi, e a vossa alma viverá." Isaías 55:1-3.
Deus deu um mandamento especial, pelo qual devemos estimar o estrangeiro, o desterrado, e as pobres almas destituídas de poder moral. Muitos que aparentam completa indiferença pelas coisas religiosas, no coração anseiam descanso e paz. Embora tenham caído no mais profundo abismo do pecado, há possibilidades de salvá-los.
Os servos de Cristo devem seguir-Lhe o exemplo. Andando de lugar em lugar, consolava Ele os sofredores e curava os enfermos. Apresentava-lhes, então, as grandes verdades sobre Seu reino. Esta é a obra de Seus seguidores. Aliviando os sofrimentos do corpo, achareis caminho para socorrer as necessidades da alma. Podereis apontar ao Salvador exaltado, e contar do amor do grande Médico, que, unicamente, tem o poder de restaurar.
Diga aos pobres desanimados e corrompidos, que não desesperem. Embora hajam errado, e não tenham formado bom caráter, Deus tem alegria em restabelecer-lhes a alegria da salvação. Compraz-Se em tomar material aparentemente sem esperança - aqueles por quem Satanás operou - e fazê-los súditos de Sua graça. Deleita-Se em livrá-los da ira que virá sobre o desobediente. Dizei-lhes que há purificação e salvação para todo ser humano. Há um lugar para eles à mesa do Senhor. Ele espera dar-lhes as boas-vindas.
Quem sai pelos caminhos e valados, encontrará outros de caráter inteiramente oposto, que necessitam de seu auxílio. Há homens que vivem em harmonia com toda a luz que possuem, e servem a Deus da melhor maneira que sabem. Mas reconhecem que há uma grande obra para ser feita em proveito deles e dos que os cercam. Anelam maior conhecimento de Deus, porém apenas começaram a ter um vislumbre de maior luz. Oram com lágrimas para que Deus lhes envie a bênção que vislumbram ao longe, pela fé! Em meio da impiedade dos grandes centros podem ser encontradas muitas dessas pessoas. Algumas estão em ambiente humilde, e por isso são desconhecidas ao mundo. Há muitas, das quais nada sabem ministros e igrejas; porém, são testemunhas do Senhor nos lugares humildes e miseráveis. Podem ter tido pouca luz e poucas oportunidades de instrução cristã, mas em meio à nudez, fome e frio, procuram ministrar a outros. Procurem estas almas os mordomos da múltipla graça de Deus; visitem seus lares e, pelo poder do Espírito Santo, remedeiem suas vicissitudes. Estudai com elas a Bíblia e orai com elas com aquela simplicidade que o Espírito Santo inspira. Cristo dará aos Seus servos uma mensagem que será, para a
alma, o pão do Céu. A preciosa bênção será levada de coração a coração, de família a família.
A ordem dada na parábola, "força-os a entrar" (Lucas 14:23), tem sido freqüentemente mal-interpretada. Tirou-se daí a conclusão de que deveríamos obrigar os homens a aceitarem o evangelho. Denota, porém, de preferência, a urgência do convite e a eficácia dos estímulos apresentados. O evangelho jamais emprega força para conduzir homens a Cristo. Sua mensagem é: "Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas." Isaías 55:1. "E o Espírito e a esposa dizem: Vem! ... E quem quiser tome de graça da água da vida." Apocalipse. 22:17. O poder do amor e da graça de Deus nos constrange a aceitar o convite.
O Salvador diz: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo." Apocalipse 3:20. Não é repelido por menosprezo nem desviado por ameaças, antes procura constantemente o perdido, e diz: "Como te deixaria?" Oséias 11:8. Embora Seu amor seja repelido pelo coração obstinado, volta a suplicar com mais força: "Eis que estou à porta e bato." Apocalipse. 3:20. O poder prevalecente de Seu amor, impele a alma a entrar; e diz a Cristo: "A Tua mansidão me engrandeceu." Salmos 18:35.
Cristo quer implantar nos mensageiros o mesmo amor comovente que tem em procurar os perdidos. Não só devemos dizer: "Vem!" Há homens que escutam o convite; porém, seus ouvidos são demasiado surdos para compreender. Seus olhos são muito cegos para ver alguma coisa boa reservada para eles. Muitos reconhecem sua grande degradação. Dizem: Não posso mais ser socorrido, deixai-me sozinho. Mas os obreiros não devem desistir. Com terno e piedoso amor, aproximai-vos. Dêem-lhes seu ânimo, sua esperança, sua força. Bondosamente impele-os a entrar.
"E apiedai-vos de alguns que estão duvidosos; e salvai alguns, arrebatando-os do fogo." Judas 22 e 23.
Se os servos de Deus com Ele andarem pela fé, Ele lhes dará força à mensagem. Estarão aptos para apresentar de tal modo Seu amor e o perigo da rejeição da graça de Deus, que os homens serão constrangidos a aceitar o evangelho. Cristo realizará milagres maravilhosos, se os homens executarem a tarefa dada por Deus. Pode ser operada uma tão grande transformação no coração humano, hoje em dia, como o foi sempre nas gerações passadas. João Bunyan foi redimido da impiedade e orgia, João Newton do tráfico de escravos, para proclamar o Salvador exaltado. Um Bunyan e um Newton podem ser redimidos dentre os homens, hoje em dia. Por agentes humanos que cooperam com os divinos, muito pobre desterrado poderá ser ganho, e por sua vez procurará restaurar a imagem de Deus em outros. Aos que tiveram poucas oportunidades, e andaram no caminho do mal por não conhecerem um melhor, advirão raios de luz. Como a Palavra de Cristo veio a Zaqueu: "Hoje, Me convém pousar em tua casa" (Lucas 19:5), assim a Palavra virá a eles; e aqueles que eram considerados pecadores inveterados, serão achados com coração terno como o de uma criança, porque Cristo Se dignou notá-los. Muitos volverão do mais vil erro e pecado, e tomarão o lugar de outros que tiveram privilégios e oportunidades, mas não os apreciaram. Serão contados entre os escolhidos do Senhor, eleitos e preciosos; e quando Cristo vier em Seu reino, estarão junto ao Seu trono.
Mas, "vede que não rejeiteis ao que fala". Hebreus 12:25. Jesus disse: "Nenhum daqueles varões que foram convidados provará a Minha ceia." Lucas 14:24. Rejeitaram o convite e nenhum deles seria convidado novamente. Rejeitando a Cristo, os judeus endureciam o coração e entregavam-se ao poder de Satanás, de modo que se lhes tornaria impossível aceitar a graça de Jesus. O mesmo acontece hoje em dia. Se o amor de Deus não for apreciado, e não se tornar um princípio que habite em nós, para abrandar e sujeitar a alma, estaremos completamente perdidos. O Senhor não pode proporcionar maior revelação de amor que a por Ele demonstrada. Se o amor de Jesus não sensibilizar o coração, não há outro meio pelo qual podemos ser alcançados.
Toda vez que recusais ouvir a mensagem da graça, fortificai-vos na incredulidade. Toda vez que deixardes de abrir a porta do coração para Cristo, ficareis menos e menos inclinados a atender à voz dAquele que fala. Diminuis as probabilidades de atender ao último apelo da graça. Não seja escrito de vós como do antigo Israel: "Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o." Oséias 4:17. Não deixeis Jesus chorar por vós, como chorou por Jerusalém, dizendo: "Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? Eis que a vossa casa se vos deixará deserta." Lucas 13:34 e 35.
Vivemos no tempo em que a última mensagem da graça, o convite final, está sendo enviado aos homens. A ordem "sai pelos caminhos e atalhos" (Lucas 14:23), está atingindo seu cumprimento final. A toda pessoa será apresentado o convite de Cristo. Os mensageiros estão dizendo: "Vinde, que já tudo está preparado." Lucas 14:17. Os anjos celestes ainda cooperam com os agentes humanos. O Espírito Santo apresenta todo o estímulo para vos constranger a ir. Cristo aguarda algum sinal que demonstre que o ferrolho está sendo puxado, e a porta de vosso coração Lhe está sendo aberta. Os anjos esperam levar para o Céu a boa nova de que outro pecador perdido foi achado. Os exércitos celestiais aguardam, prontos para tocar suas harpas e cantar um hino de alegria, porque mais um pecador aceitou o convite para a ceia do evangelho.


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