Os sacrifícios dos judeus eram todos examinados
com bastante cuidado, para ver se não tinham nenhum defeito ou alguma doença ou
qualquer impureza, o que era motivo suficiente para serem rejeitados pelo
sacerdote. As ofertas deviam ser perfeitas e valiosas. O apóstolo tinha em
vista os requisitos de Deus quanto as ofertas dos judeus, quando ele, de
maneira muito enérgica, apelava aos irmãos para apresentarem o corpo em
sacrifício vivo. Não uma oferta doentia ou estragada, mas um sacrifício vivo,
santo e aceitável a Deus.
Quantos chegam à casa de Deus com fraquezas, e
quantos vêm contaminados pela condescendência com o próprio apetite! Aqueles
que se têm degradado por hábitos errôneos, quando se reúnem para cultuar a
Deus, oferecem as conseqüências do seu corpo doentio, tornando-se cansativos
aos que os cercam. Como isso deve ser ofensivo diante de um Deus puro e santo!
Uma grande proporção de
todas as enfermidades que afligem a família humana são resultado de seus
próprios hábitos errôneos, por causa da ignorância voluntária ou da
desconsideração para com a luz que Deus tem dado em relação às leis do seu ser.
Não nos é possível glorificar a Deus enquanto vivemos em violação das leis da
vida. O coração não pode, possivelmente, manter consagração a Deus enquanto se
condescende com o apetite. Um corpo doentio e um intelecto em desordem por
causa da condescendência contínua com uma danosa concupiscência, torna
impossível a santificação do corpo e do espírito. O apóstolo compreendia a
importância das condições saudáveis do corpo para o êxito perfeito do caráter
cristão. Ele disse: "Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão,
para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado." I Coríntios 9:27. Menciona a temperança entre os frutos do
Espírito. "E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões
e concupiscências." Gálatas 5:24.
Homens e mulheres cedem ao apetite, às expensas
da saúde e do poder intelectual, de tal maneira que não podem apreciar o plano
da salvação. Que apreciação podem ter da tentação de Cristo no deserto e da
vitória que Ele ganhou sobre o apetite? É-lhes impossível ter uma visão sublime
de Deus, e reconhecer os reclamos de Sua lei. Os professos seguidores de Cristo
se esquecem do grande sacrifício feito por Ele em seu favor. A Majestade do
Céu, a fim de pôr a salvação ao seu alcance, foi atingida, esmagada e aflita.
Ele Se tornou um varão de tristeza e inteirado na aflição. No deserto da
tentação Ele resistiu a Satanás, apesar de o tentador estar disfarçado com as
vestimentas do Céu. Cristo, ao ser submetido a um grande sofrimento físico,
recusou ceder num simples ponto, não obstante o mais arrogante argumento já
apresentado para suborná-lo e influenciá-Lo a renunciar à Sua integridade. Toda
esta honra, toda esta riqueza e glória, disse o enganador, Te darei se somente
reconheceres minhas exigências. (Matheus 4:9.)
Cristo ficou firme. Que
seria, agora, da salvação da humanidade se Cristo fosse fraco em poder moral,
como o homem? Não é de admirar que o Céu se enchesse de alegria quando o
principal anjo caído deixou o deserto da tentação como um inimigo derrotado!
Cristo tem o poder do Pai para dar Sua graça divina e força ao homem,
tornando-nos possível a vitória por meio do Seu nome. Há poucos professos
seguidores de Cristo que escolhem empenhar-se com Ele na tarefa de resistir às
tentações de Satanás como Ele resistiu e venceu.
Cristãos professos que gostam de divertimentos,
prazeres e banquetes, não podem apreciar o conflito de Cristo no deserto. O
exemplo do Senhor em vencer a Satanás, fica perdido para eles. Esta vitória
infinita, que Cristo alcançou para eles no plano da salvação, é sem sentido.
Não têm interesse, especial na maravilhosa humilhação de nosso Salvador, e na
angústia e sofrimentos que suportou pelo homem pecador enquanto Satanás O
pressionava com suas diferentes tentações. A cena da provação de Cristo no
deserto era o fundamento do plano da salvação, dando ao homem caído as chaves,
por meio das quais, em nome de Cristo, pode vencer.
Muitos cristãos professos
olham para esta parte da vida de Cristo como se fosse uma guerra comum entre
dois reis, não tendo nada de especial sobre a própria vida e caráter. Assim a
maneira da luta e a maravilhosa vitória ganha, têm muito pouco significado para
eles. As faculdades da percepção estão embotadas pelas artimanhas de Satanás,
de maneira que não podem discernir que, aquele que afligiu a Cristo no deserto
e determinou privá-Lo de Sua integridade como o Filho do Infinito, será seu
adversário até ao fim dos tempos. Apesar de ter falhado em vencer a Cristo, seu
poder sobre o homem não está enfraquecido.
Todos estão pessoalmente expostos às tentações
que Cristo venceu, mas a força é provida para todos no poderoso nome do grande
Conquistador. Todos devem, por si mesmos, vencer individualmente. Muitos caem
nas mesmíssimas tentações com as quais Satanás assaltou a Cristo.
Apesar de ter Cristo
ganho uma vitória incalculável em favor do homem, vencendo as tentações de
Satanás no deserto, esta vitória não lhe será de nenhum benefício, a menos que
ele também ganhe a vitória por sua própria conta.
O homem tem agora uma
vantagem sobre Adão, nesta guerra contra Satanás, porque tem a experiência de
Adão na desobediência e sua conseqüente queda para alertá-lo a afastar-se de
seu exemplo. O homem também tem o exemplo de Cristo ao vencer o apetite e as
diversas tentações de Satanás, derrotando o poderoso inimigo em todos os pontos
e saindo vitorioso em cada provação. Se o homem tropeçar e cair sob as
tentações de Satanás, não terá desculpas porque ele tem a desobediência de Adão
para alertá-lo e a vida do Redentor do mundo como um exemplo de obediência e
resignação, bem como a promessa de Cristo de que "ao que vencer, lhe
concederei que se assente comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me
assentei com Meu Pai no Seu trono". Apocalipse 3:21.
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