segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

43 (Históra da Redenção) A Grande Apostasia - Parte Final



                             Compromisso com o Paganismo

Satanás, portanto, formulou seus planos para guerrear com mais êxito contra o governo de Deus, hasteando sua bandeira na igreja cristã. Se os seguidores de Cristo pudessem ser enganados e levados a desagradar a Deus, falhariam então sua força, poder e firmeza, e eles cairiam como presa fácil.
O grande adversário se esforçou então por obter pelo artifício aquilo que não lograra alcançar pela força. Cessou a perseguição e, em seu lugar, foi posta a perigosa sedução da prosperidade temporal e honra mundana. Levavam-se idólatras a receber parte da fé cristã, enquanto rejeitavam outras verdades essenciais. Professavam aceitar a Jesus como o Filho de Deus e crer em Sua morte e ressurreição; mas não tinham a convicção do pecado e não sentiam necessidade de arrependimento ou de uma mudança de coração. Com algumas concessões de sua parte, propuseram que os cristãos fizessem outras também, para que todos pudessem unir-se sob a plataforma da crença em Cristo.
A igreja, então, encontrava-se em terrível perigo. Prisão, tortura, fogo e espada eram bênçãos em comparação com isto. Alguns dos cristãos permaneceram firmes, declarando que não transigiriam. Outros eram favoráveis a que cedessem, ou modificassem algumas características de sua fé, e se unissem com os que haviam aceito parte do cristianismo, insistindo em que este poderia ser o meio para a completa conversão. Foi um tempo de profunda angústia para os fiéis seguidores de Cristo. Sob a capa do pretenso cristianismo, Satanás se estava insinuando na igreja, a fim de corromper-lhe a fé e desviar-lhe a mente da Palavra da verdade.
A maioria dos cristãos finalmente consentiu em baixar a norma, formando-se uma união entre o cristianismo e o paganismo. Embora os adoradores de ídolos professassem estar convertidos e unidos à igreja, apegavam-se ainda à idolatria, mudando apenas os objetos de culto pelas imagens de Jesus, e mesmo de Maria e dos santos. O fermento vil da idolatria, assim trazido para a igreja, continuou a obra funesta. Doutrinas errôneas, ritos supersticiosos e cerimônias idólatras foram incorporados a sua fé e culto. Unindo-se os seguidores de Cristo aos idólatras, a religião cristã se tornou corrupta e a igreja perdeu sua pureza e poder. Alguns houve, entretanto, que não foram desencaminhados por esses enganos. Mantinham-se ainda fiéis ao Autor da verdade, e adoravam a Deus somente.
Sempre tem havido duas classes entre os que professam ser seguidores de Cristo. Enquanto uma dessas classes estuda a vida do Salvador e fervorosamente procura corrigir seus defeitos e conformar-se com o Modelo, a outra evita as claras e práticas verdades que lhes expõem os erros. Mesmo em sua melhor condição, a igreja não se compôs unicamente dos verdadeiros, puros e sinceros. Nosso Salvador ensinou que os que voluntariamente condescendem com o pecado não devem ser recebidos na igreja; todavia, ligou a Si homens que eram falhos de caráter e concedeu-lhes os benefícios de Seus ensinos e exemplo, para que tivessem oportunidade de ver seus erros e corrigi-los.
Não há, porém, união entre o Príncipe da luz e o príncipe das trevas, e nenhuma união poderá haver entre os seus seguidores. Quando os cristãos consentiram em unir-se àqueles que não eram senão meio convertidos do paganismo, enveredaram por caminho que levou mais e mais longe da verdade. Satanás exultou em haver conseguido enganar tão grande número dos seguidores de Cristo. Levou então seu poder a agir de modo mais completo sobre eles, e os inspirou a perseguir aqueles que permaneceram fiéis a Deus. Ninguém compreendeu tão bem como se opor à verdadeira fé cristã como os que haviam sido seus defensores; e estes cristãos apóstatas, unindo-se aos companheiros semi-pagãos, dirigiram seus ataques contra as características mais importantes das doutrinas de Cristo.
Foi necessária uma luta desesperada por parte daqueles que desejavam ser fiéis, permanecendo firmes contra os enganos e abominações que se disfarçavam sob as vestes sacerdotais e se introduziam na igreja. A Escritura Sagrada não era aceita como a norma de fé. A doutrina da liberdade religiosa era chamada heresia, sendo odiados e proscritos seus mantenedores.

                                          Afastamento da Fé

Depois de longo e tenaz conflito, os poucos fiéis decidiram dissolver toda a união com a igreja apóstata, caso ela ainda recusasse libertar-se da falsidade e da idolatria. Viram que a separação era uma necessidade absoluta, se desejavam obedecer à Palavra de Deus. Não ousavam tolerar erros fatais a sua própria alma, e dar exemplo que pusesse em perigo a fé de seus filhos e netos. Para assegurar a paz e a unidade, estavam prontos a fazer qualquer concessão coerente com a fidelidade para com Deus; mas acharam que mesmo a paz seria comprada demasiado caro com sacrifício dos princípios. Se a unidade só se pudesse conseguir comprometendo a verdade e a justiça, seria preferível que prevalecessem as diferenças e as conseqüentes lutas. Bom seria à igreja e ao mundo se os princípios que atuavam naquelas almas inabaláveis revivessem no coração do professo povo de Deus.

O apóstolo Paulo declara que "todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições". II Timóteo 3:12. Por que é, pois, que a perseguição, em grande parte,parece adormentada? A única razão é que a igreja se conformou com a norma do mundo e, portanto, não suscita oposição. A religião que em nosso tempo prevalece não é do caráter puro e santo que assinalou a fé cristã nos dias de Cristo e Seus apóstolos. É unicamente por causa do espírito de transigência com o pecado, por serem as grandes verdades da Palavra de Deus tão indiferentemente consideradas, por haver tão pouca piedade vital na igreja, que o cristianismo é visivelmente tão popular no mundo. Haja um reavivamento da fé e poder da primitiva igreja, e o espírito de opressão reviverá, reacendendo-se os fogos da perseguição.

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