Pouco depois do
derramamento do Espírito Santo, e imediatamente depois de um período de
fervorosa oração, Pedro e João, subindo ao templo para adorar, viram um pobre e
infeliz coxo, de quarenta anos de idade, cuja vida não tinha sido senão de dor
e enfermidade. Por muito tempo, esse desafortunado homem havia desejado ir a
Jesus, para ser curado; mas encontrava-se quase ao desamparo, e muito afastado
do cenário dos labores do grande Médico. Seus rogos finalmente induziram alguns
amigos a levá-lo à porta do templo. Mas, ao chegar ali, descobriu que Aquele,
em quem suas esperanças estiveram centralizadas, havia sido morto
cruelmente.
Seu desapontamento provocou
a simpatia dos que sabiam por quanto tempo avidamente esperara ser curado por
Jesus, e diariamente o levavam ao templo, a fim de que os que passavam fossem
pela piedade induzidos a dar-lhe alguns centavos para lhe aliviar as presentes
necessidades. Ao passarem Pedro e João, pediu-lhes uma esmola. Os discípulos
olharam-no com compaixão. "Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse:
Olha para nós." Atos 3:4. "Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho
isso te dou. Em nome de Jesus Cristo o Nazareno, levanta-te e anda." Atos
3:6.
O semblante do pobre homem
havia descaído quando Pedro declarou
sua pobreza, mas iluminou-se de esperança e fé quando o discípulo prosseguiu.
"E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos
se firmaram. E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no
templo, andando, e saltando, e louvando a Deus. E todo o povo o viu andar e
louvar a Deus; e conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à
porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe
acontecera." Atos 3:7-10.
Os judeus estavam estupefatos de que os
discípulos pudessem realizar milagres semelhantes aos que foram realizados por
Jesus. Ele, como supunham, estava morto, e esperavam que tão maravilhosas
manifestações tivessem cessado com Ele. Contudo ali estava aquele homem, que
durante quarenta anos fora um desamparado coxo, regozijando-se agora em pleno
uso de seus membros, livre de dor, e feliz por crer em Jesus.
Os apóstolos viram o espanto do povo, e
perguntaram-lhes porque estavam maravilhados ante o milagre que haviam
testemunhado, e reverenciando-os como se fosse por seu próprio poder que
tivessem feito aquilo. Pedro assegurou-lhes que aquilo fora feito mediante os
méritos de Jesus de Nazaré, a quem eles rejeitaram e crucificaram, mas que Deus
ressuscitara da morte ao terceiro dia. "Pela fé no Seu nome fez o Seu nome
fortalecer a este que vedes e conheceis; e a fé que é por Ele deu a este, na
presença de todos vós, esta perfeita saúde. E agora, irmãos, eu sei que o
fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes. Mas Deus assim
cumpriu o que já dantes pela boca de todos os Seus profetas havia anunciado;
que o Cristo havia de padecer." Atos 3:16-18.
Depois da realização deste milagre o povo
reuniu-se no templo, e Pedro dirigiu-lhes a palavra numa parte do templo, enquanto
João falava a eles em outra parte. Os apóstolos, tendo falado claramente do
grande crime dos judeus em rejeitar e matar o Príncipe da vida, foram
cuidadosos em não levar seus ouvintes à exasperação ou desespero. Pedro estava
disposto a diminuir a atrocidade de sua culpa tanto quanto possível, presumindo
que eles tinham agido ignorantemente. Declarou que o Espírito Santo os estava
chamando para o arrependimento de seus pecados e conversão, e que não havia
esperança para eles exceto mediante a graça do Cristo que haviam crucificado;
mediante fé nAquele que unicamente pelo Seu sangue podia cancelar os seus
pecados.
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