O Duvidoso Tomé
Nessa ocasião Tomé não
estava presente. Ele não quis aceitar humildemente o relato dos discípulos, mas
firmemente, e com confiança em si próprio, afirmou que não creria, a menos que
pusesse os dedos nos sinais dos cravos, e a mão no lado em que a lança cruel
fora arremessada. Nisso mostrou falta de confiança em seus irmãos. Se todos
exigissem a mesma prova, ninguém hoje receberia a Jesus, nem creria em Sua
ressurreição. Mas foi a vontade de Deus que a notícia dos discípulos fosse
recebida por aqueles mesmos que não podiam ver e ouvir o Salvador
ressuscitado.
Deus não Se agradou com a
incredulidade de Tomé. Quando Jesus de novo Se encontrou com os discípulos,
Tomé estava com eles e, quando viu Jesus, creu. Mas ele tinha declarado que não
ficaria satisfeito sem a prova do tato acrescentada à vista, e Jesus lhe deu a
prova que desejara. Tomé exclamou: "Senhor meu, e Deus meu!" João
20:28. Jesus, porém, reprovou-o pela sua incredulidade, dizendo: "Porque
Me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram." João
20:29.
Espalhando-se as novas de
cidade para cidade e de vila em vila, os judeus, por sua vez, receavam pelas
suas vidas, e ocultaram o ódio que acalentavam pelos discípulos. Sua única
esperança era propagar o boato falso. E aqueles que desejavam que esta mentira
fosse verdadeira, a aceitavam. Pilatos estremeceu ao ouvir que Cristo havia
ressuscitado. Não podia duvidar do testemunho que era dado, e desde aquela hora
a paz o deixou para sempre. Por amor às honras mundanas, pelo temor de perder a
autoridade e a vida, entregara Jesus para ser morto. Estava agora completamente
convencido de que não era meramente um homem inocente Aquele de cujo sangue era
culpado, mas o Filho de Deus. A vida de Pilatos foi miserável até ao fim. O
desespero e a angústia esmagavam todo sentimento de esperança e alegria.
Recusou-se a ser consolado, e teve uma morte mui desgraçada. ...
Quarenta Dias com os Discípulos
Jesus permaneceu com Seus discípulos
quarenta dias, ocasionando-lhes isto satisfação e alegria de coração, ao
desvendar-lhes Ele mais amplamente as realidades do reino de Deus. Ele os
comissionara a dar testemunho das coisas que tinham visto e ouvido,
concernentes aos Seus sofrimentos, morte e ressurreição; de que Ele fizera um
sacrifício pelo pecado, e que todos que o quisessem poderiam vir a Ele e
encontrar vida. Com fiel ternura disse-lhes que seriam perseguidos e
angustiados; mas que encontrariam alívio recordando-se de sua experiência, e
lembrando-se das palavras que Ele lhes falara. Contou-lhes que tinha vencido as
tentações de Satanás e obtido vitória através de
provações e sofrimentos. Satanás não mais poderia ter poder sobre Ele, e faria
suas tentações recaírem mais diretamente sobre eles, e sobre todos os que
cressem em Seu nome. Mas poderiam vencer, assim como Ele venceu. Jesus dotou
Seus discípulos de poder para operar milagres, e disse-lhes que, embora fossem
perseguidos pelos homens ímpios, enviaria Seus anjos, de tempos a tempos, para
livrá-los; a vida deles não poderia ser tirada antes que sua missão se
cumprisse; poderia então ser-lhes exigido selarem com o sangue os testemunhos
que deram.
Seus ansiosos seguidores alegremente Lhe
escutaram os ensinos, absorvendo com avidez cada palavra que caía de Seus
lábios. Sabiam agora com certeza que Ele era o Salvador do mundo. Suas palavras
lhes calavam profundamente no coração, e entristeciam-se de que logo devessem
separar-se de seu Mestre celestial, e não mais ouvir de Seus lábios palavras
confortadoras, graciosas. Mas de novo seu coração se aqueceu de amor e
extraordinária alegria, dizendo-lhes Jesus que iria preparar-lhes moradas, que
viria outra vez e os receberia, para que pudessem estar sempre com Ele.
Prometeu também enviar o Consolador, o Espírito Santo, para guiá-los em toda
verdade. "E, levantando as Suas mãos, os abençoou." Lucas 24:50.
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