“Os escribas e fariseus
trouxeram à Sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a
ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, [...] na lei nos mandou
Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; Tu, pois, que dizes?” João 8:3-5.
Uma mulher apanhada em
adultério é levada a Jesus. A mulher é apenas um instrumento para que os
fariseus tivessem um motivo concreto para O condenar. Se Jesus a inocentasse,
Ele Se colocaria contra a lei de Moisés. Facilmente a opinião popular se
voltaria contra Ele. Diriam que não poderia ser um profeta. Se Ele a
condenasse, estaria em contradição com a própria doutrina, baseada na
compaixão. O dilema parecia insolúvel.
Jesus poderia ter confundido a situação, entrando num debate legal com os opositores, demonstrando a incompetência deles. O apedrejamento em casos de adultério era aplicado aos dois envolvidos (Deuteronômio 22:22-24; Levítico 20:10). Onde estava o parceiro dela? Era ela casada? Isso deveria ser elucidado, pois a acusação deveria ser feita pelo marido. Em lugar de discutir, contudo, Ele começa a escrever. Antigos eruditos criam que Jesus traçou na poeira sobre o mármore do templo um catálogo dos pecados humanos, em particular os pecados dos acusadores da mulher.
Somente alguém que é líder de si mesmo teria a coordenação e calma para escrever numa circunstância dessas. Como insistem na pergunta sobre Sua opinião, Jesus responde com as conhecidas palavras: “Quem não tem pecado, atire a primeira pedra.” Esse é Seu imperturbável julgamento. Seu golpe é inesperado e de uma lucidez demolidora. Os homens de faces severas se aproximam e vêem as letras que dançam na areia. Alguns temem o que Ele escreveu. Outros temem o que Ele poderia escrever. Ninguém os condenara a não ser a consciência deles. No que pensaram? Em seus pecados? No registro dos anjos? No julgamento final? Essa é, talvez, a única ocasião na história em que linchadores fazem uma ponte entre o ódio e a razão.
Jesus os fizera pensar: “Quem não tem pecado?” Quem pode resistir ou enfrentar
um desafio dessa natureza? Jesus os autorizou a atirar as pedras na mulher, mas
mudou a base do julgamento. Teriam que pensar antes de agir. Se pensássemos em
Seu veredicto, veríamos uma transformação na igreja, nas famílias e nas
pessoas. Quanta intransigência seria desfeita! A consciência de nossas falhas e
culpa infalivelmente nos torna pacientes, tolerantes e compassivos com os
outros.
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