Os Prenúncios da Morte
Enquanto Abel justificava o
plano de Deus, Caim tornou-se enraivecido, e sua ira cresceu e ardeu contra
Abel até que em sua raiva o matou. Deus o inquiriu a respeito de seu irmão, e
Caim proferiu uma culposa falsidade: "Não sei: sou eu guardador do meu
irmão?" Gên. 4:9. Deus informou a Caim que sabia a respeito de seu pecado
- que estava informado de todos os seus atos, mesmo os pensamentos de seu
coração, e disse-lhe: "A voz do sangue do teu irmão clama a Mim desde a
terra. És agora, pois, maldito por sobre a terra cuja boca se abriu para
receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. Quando lavrares o solo não te dará
ele a sua força; serás fugitivo e errante pela Terra." Gên. 4:10-12.
A princípio, maldição sobre
a terra tinha sido sentida apenas levemente; mas agora, uma dupla maldição
repousava sobre ela. Caim e Abel representam as duas classes, os justos e os
ímpios, os crentes e os incrédulos, que deviam existir desde a queda do homem
até o segundo advento de Cristo. O assassínio de Abel por seu irmão Caim,
representa os ímpios que teriam inveja dos justos, odiando-os porque são
melhores do que eles. Teriam inveja e perseguiriam os justos e os arrastariam à
morte, porque seu reto proceder lhes condenava a conduta pecaminosa.
A vida de Adão foi de um triste,
humilde e contínuo arrependimento. Quando ensinava seus filhos e netos a
temerem o Senhor, era com freqüência amargamente reprovado por seu pecado, de
que resultara tanta miséria sobre sua posteridade. Quando deixou o belo Éden, o
pensamento de que deveria morrer fazia-o estremecer de horror. Olhava para a
morte como uma terrível calamidade. Foi primeiro familiarizado com a horrível
realidade da morte na família humana, pelo seu próprio filho Caim ao matar seu
irmão Abel. Cheio de amargo remorso por sua própria transgressão e privado de
seu filho Abel, olhando a Caim como um assassino, e conhecendo a maldição que
Deus pronunciara sobre ele, o coração de Adão quebrantou-se de dor. Amargamente
ele se reprovou por sua primeira grande transgressão. Suplicou o perdão de Deus
mediante o Sacrifício prometido. Ele havia sentido profundamente a ira de Deus
pelo crime cometido no Paraíso. Testemunhou a corrupção geral que mais tarde
finalmente forçou Deus a destruir os habitantes da Terra por um dilúvio. A
sentença de morte pronunciada sobre ele por seu Criador, que a princípio lhe
pareceu tão terrível, depois que ele viveu algumas centenas de anos, parecia
justa e misericordiosa em Deus, pois trazia o fim a uma vida miserável.
Ao testemunhar Adão os primeiros sinais da
decadência da Natureza com o cair das folhas e o murchar das flores, chorou
mais sentidamente do que os homens hoje choram os seus mortos. As flores
murchas não eram a razão maior do desgosto, visto serem tenras e delicadas; mas
as altaneiras, nobres e robustas árvores arremessando suas folhas e
apodrecendo, apresentavam diante dele a dissolução geral da linda Natureza, que
Deus criara para especial benefício do homem.
Para seus filhos e os filhos deles, até a
nona geração, ele descrevia a perfeição de seu lar edênico, e também
sua queda e seus terríveis resultados, e a carga de pesar que veio sobre ele,
em conseqüência da ruptura em sua família, que redundou na morte de Abel.
Referiu-lhes os sofrimentos que Deus tinha trazido sobre ele, para ensinar-lhe
a necessidade de estrito apego à Sua lei. Declarou que o pecado seria punido,
em qualquer forma que existisse. Instou com eles para que obedecessem a Deus,
que os trataria misericordiosamente, se O amassem e temessem.
Os anjos mantinham comunicação com Adão
depois da queda, e informaram-no do plano da salvação, e que a raça humana não
estava além da redenção. Apesar da terrível separação que tivera lugar entre
Deus e o homem, uma providência tinha sido tomada mediante o oferecimento de
Seu amado Filho, pela qual o homem podia ser salvo. Mas sua única esperança
estava numa vida de humilde arrependimento e fé na provisão feita. Todos os que
aceitassem a Cristo como seu único Salvador, seriam de novo colocados no favor de Deus
mediante os méritos de Seu Filho.
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