Pensas que o Pai entregou
Seu mui amado Filho sem esforço? Não, absolutamente. Foi mesmo uma luta, para o
Deus do Céu, decidir se deixaria o homem culpado perecer, ou se daria Seu amado
Filho para morrer por ele. Os anjos estavam tão interessados na salvação do
homem que se podiam encontrar entre eles os que deixariam sua glória e dariam a
vida pelo homem que ia perecer. Mas, disse o anjo, isto nada adiantaria. A
transgressão era tão grande que a vida de um anjo não pagaria a dívida. Nada, a
não ser a morte e intercessão de Seu Filho, pagaria essa dívida, e salvaria o
homem perdido da tristeza e miséria sem esperanças.
Mas foi aos anjos
designada a obra de subirem e descerem com bálsamo fortalecedor, trazido da
glória, a fim de mitigar ao Filho do homem os Seus sofrimentos, e
ministrar-Lhe. Seria também sua obra proteger e guardar os súditos da graça
contra os anjos maus e contra as trevas que constantemente Satanás arremessa em
redor deles. Vi que era impossível a Deus alterar ou mudar Sua lei, para salvar
o homem perdido, e que ia perecer; portanto, Ele consentiu em que Seu amado
Filho morresse pela transgressão do homem.
Satanás de novo
regozijou-se com seus anjos de que, ocasionando a queda do homem, pudesse ele
retirar o Filho de Deus de Sua exaltada posição. Disse a seus anjos que, quando
Jesus tomasse a natureza do homem decaído, poderia derrotá-Lo, e impedir a
realização do plano da salvação.
Foi-me então mostrado
Satanás como havia sido: um anjo feliz e elevado. Em seguida, ele foi-me
mostrado como se acha agora. Ainda tem formas régias. Suas feições ainda são
nobres, pois é um anjo, ainda que decaído. Mas a expressão de seu rosto
está cheia de ansiedade, cuidados, infelicidade, maldade, ódio, nocividade,
engano e todo mal. Aquele semblante que fora tão nobre, notei-o particularmente.
Sua fronte, logo acima dos olhos, começava a recuar. Vi que ele se havia
degradado durante tanto tempo que toda boa qualidade se rebaixara, e todo mau
traço se desenvolvera. Seu olhar era astuto e dissimulado, e mostrava grande
penetração. Sua constituição era ampla; mas a carne lhe pendia frouxamente nas
mãos e no rosto. Quando o vi, apoiava o queixo sobre a mão esquerda. Parecia
estar em profundos pensamentos. Tinha um sorriso no rosto, o qual me fez
tremer, tão cheio de maldade e dissimulação satânica era ele. Este sorriso é o
que ele tem precisamente antes de segurar sua vítima; e, ao fixá-la em sua
cilada, tal sorriso se torna horrível. Primeiros Escritos, págs. 150-153.
Em humilde e inexprimível tristeza, Adão e
Eva deixaram o aprazível jardim onde tinham sido tão felizes antes de sua
desobediência aos mandamentos de Deus. A atmosfera estava mudada. Não era mais
invariável como antes da transgressão. Deus vestiu-os com roupas de pele para
protegê-los da sensação de frio e calor a que estavam expostos.
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