"Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Salmo 51:10"
Davi havia pecado. Seu ato terrível foi premeditado, fraudulento e criminoso. Agiu de modo tão inapropriado para um rei de Israel que, por ordem de Deus, o profeta Natã foi obrigado a confrontá-lo.
“Por que, pois”, disse-lhe, “desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal diante de Seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto Me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher” (2Sm 12:9, 10, ARC).
E Davi, homem de guerra, de espírito forte e mão poderosa, que sabia responder à agressão sem covardia, humilhou-se diante do profeta que Deus enviara para restaurá-lo. “Pequei contra o Senhor”, disse-lhe, sem apresentar evasivas. “Também o Senhor te perdoou o teu pecado”, respondeu-lhe Natã; “não morrerás” (2Sm 12:13).
Uma sentença de misericórdia e de restauração da graça divina. Esse foi um ato salvador do poder de Deus. Quão grande é a bondade do Senhor! A compaixão Dele não tem limites. Está sempre perto do coração contrito. Nunca deixa de perdoar quem se humilha. E Davi humildemente buscou a graça de Deus, e ela foi concedida sem medida.
“Confessei-Te o meu pecado”, disse Davi, depois da tristeza de sua transgressão, “e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e Tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl 32:5).
Davi escreveu o Salmo 51, com uma expressão de verdadeiro arrependimento. E, além de confessar de novo, pediu novamente que fosse purificado de sua maldade. Mas o que pedia não era uma limpeza superficial. Clamava por um novo coração e por um espírito reto. Suplicou que fosse mantido junto a Deus.
Davi bem sabia que somente assim poderia conservar a alegria da salvação; e somente assim conseguiria ter um espírito verdadeiramente nobre. A graça divina nos concede isso e nos transforma. Ela nos recria com amor. Aquilo que, por causa do pecado, nunca tivemos, torna-se nosso. E o que já não somos, porque distanciados de Deus foi destruído, voltamos a ser, porque Ele nos ama.
Mario Veloso, 12/4/1997
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