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segunda-feira, 27 de abril de 2020

O Caso da Ira




   “Quando vocês ficarem irados, não pequem”. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha. Efésios 4:26, NVI


   Conhecido por suas habilidades diplomáticas e conciliatórias no mundo político, Tancredo Neves, presidente eleito em 1985, mas que faleceu antes da posse, costumava criticar correligionários e também os adversários resistentes a renunciar posições radicais ou interesses pessoais em favor do todo. Sempre havia quem se recusasse a sentar à mesa de negociações, especialmente quando algum desafeto, contra o qual nutria intenso desejo de desforra, fazia parte dela. Esses, dizia Tancredo, gostavam de “guardar ressentimentos na geladeira”.

   Histórias da política à parte, infelizmente esse é um sentimento comum a muitas pessoas. Não conseguem se libertar da ira e da mágoa. Se você conhece alguém assim, já percebeu como é vingativo e, por isso mesmo, angustiado e amargurado. Entretanto, sabemos que a ira é humana. Observe o conselho bíblico: “Quando vocês ficarem irados.” Está implícita a possibilidade de que, em algum momento, ela nos atinja. De fato, quem, neste mundo de pecado, esteve ou está imune a esse sentimento?

   A ira justificável no comportamento cristão nada mais é do que uma indignação justa contra o mal prevalecente, em todas as suas manifestações. O conselheiro matrimonial Gary Chapman destaca que das 455 vezes em que a palavra “ira” é mencionada no Antigo Testamento, 375 delas se referem à ira de Deus (Ira!, p. 21). Não podemos imaginá-Lo nutrindo ódio contra o pecador, mas indignado contra o pecado.

   Quanto a nós, não devemos permitir que a ira, mesmo justificável, cresça a tal ponto que nos faça pecar, abrigando sentimentos destrutivos em nosso coração, ressentimentos pessoais, levando-nos a desejar vingança e a perder o domínio próprio. Devemos nos esforçar para que ela tenha seu ocaso no mesmo instante que o Sol. Podemos até estabelecer limites. Conheci um casal de idosos que, entre outras razões, atribuía a longevidade do casamento a um fato curioso: Quando uma nota dissonante ameaçava a harmonia de seu dueto conjugal, nenhum dos dois tomava qualquer refeição antes que tudo fosse resolvido. Sendo que nenhum dos dois queria passar muito tempo em jejum, logo resolviam o impasse.

   Agindo dessa maneira, corrigimos os desacertos, preservamos os relacionamentos e contribuímos para clarear o ambiente em que vivemos. Temos paz. Sem dúvida, o perdão é o caminho mais curto para o ocaso da ira.

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