ara compor o Seu reino. A vida de Cristo na Terra foi uma
expressão perfeita da lei de Deus, e quando os que professam ser Seus filhoA
parábola das bodas apresenta-nos uma lição da mais elevada importância. Pelas
bodas é representada a união da humanidade com a divindade; a veste nupcial
simboliza o caráter que precisa possuir todo aquele que há de ser considerado
hóspede digno para as bodas.
Nesta parábola, como na
da grande ceia, são ilustrados o convite do evangelho, sua rejeição pelo povo
judeu e o convite da graça aos gentios. Esta parábola, porém, apresenta-nos
maior ofensa da parte dos que rejeitam o convite, e juízo mais terrível. O chamado
para o banquete é um convite real. Procede de alguém que está investido de
poder para ordenar. Confere grande honra. Contudo esta é desapreciada. A
autoridade do rei é menosprezada. Ao passo que o convite do pai de família é
considerado com indiferença, o do rei é recebido com insulto e morte. Trataram
seus criados com escárnio e desprezo e os mataram.
O pai de família, vendo
repelido o seu convite, declarou que nenhum dos convidados provaria a ceia.
Contra os que ofenderam o rei foi decretada mais que a exclusão de sua presença
e de sua mesa. "Enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e
incendiou a sua cidade." Matheus 22:7.
Em ambas as parábolas o banquete é provido de convidados, mas o
segundo mostra que uma preparação precisa ser feita por todos os que a ele
assistem. Quem negligencia esta preparação é expulso. "O rei, entrando
para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste
nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele
emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e
lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes." Matheus
22:11-13.
O convite para o
banquete foi transmitido pelos discípulos de Cristo. Nosso Senhor enviou os
doze, e depois os setenta, proclamando que era chegado o reino de Deus, e
convidando os homens a arrependerem-se e crerem no evangelho. O convite não foi
atendido, porém. Os convidados para irem à festa não compareceram. Mais tarde
os servos foram enviados com a mensagem: "Eis que tenho o meu jantar
preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às
bodas." Matheus 22:4. Esta foi a mensagem levada à nação judaica depois da
crucifixão de Cristo; mas a nação, que se arrogava de ser o povo peculiar de
Deus, rejeitou o evangelho a eles levado no poder do Espírito Santo. Muitos
fizeram isso da maneira mais insolente. Outros ficaram tão exasperados com o
oferecimento da salvação, e perdão por terem rejeitado o Senhor da glória, que
se voltaram contra os mensageiros. Houve "uma grande perseguição".
Atos 8:1. Muitos homens e mulheres foram lançados na prisão, e alguns dos
portadores da mensagem do Senhor, como Estêvão e Tiago, foram mortos.
Assim o povo judeu selou
sua rejeição da misericórdia de Deus.
O resultado foi predito por Cristo na parábola. O rei enviou
"os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade".
Matheus 22:7. O juízo pronunciado atingiu os judeus na destruição de Jerusalém
e na dispersão do povo.
O terceiro convite para
o banquete representa a pregação do evangelho aos gentios. O rei disse:
"As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram
dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os
que encontrardes." Matheus 22:8 e 9.
Os servos do rei que
foram pelos caminhos, "ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus
como bons". Matheus 22:10. Era um grupo misto. Alguns deles não tinham
maior respeito ao doador da ceia do que os que haviam rejeitado o convite. A
classe primeiramente convidada não podia, como pensava, sacrificar os
privilégios mundanos para comparecer ao banquete do rei. E entre os que aceitaram
o convite havia muitos que pensavam somente em se beneficiar. Foram para
partilhar das provisões do banquete, mas não tinham desejo de honrar ao rei.
Quando o rei entrou para
ver os convidados, foi revelado o verdadeiro caráter de todos. A cada um foi
provido um vestido de bodas. Essa veste era uma dádiva do rei. Usando-a, os
convidados demonstravam respeito ao doador da festa. Um homem, porém, estava
com seus trajes comuns. Recusara fazer a preparação exigida pelo rei. A veste
provida para ele com grande custo, desdenhou usar. Deste modo insultou seu
senhor. À pergunta do rei: "Como entraste aqui, não tendo veste
nupcial?" (Matheus 22:12) nada pôde responder. Condenou-se a si mesmo.
Então o rei disse: "Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas
exteriores." Matheus 22:13.
O exame dos convidados pelo rei representa uma cena de julgamento.
Os convidados à ceia do evangelho são os que professam servir a Deus, cujos
nomes estão escritos no livro da vida. Nem todos, porém, que professam ser
cristãos, são discípulos verdadeiros. Antes que seja dada a recompensa final,
precisa ser decidido quem está apto para participar da herança dos justos. Essa
decisão deve ser feita antes da segunda vinda de Cristo, nas nuvens do céu;
porque quando Ele vier, o galardão estará com Ele "para dar a cada um
segundo a sua obra". Apocalipse 22:12. Antes de Sua vinda o caráter da
obra de cada um terá sido determinado, e a cada seguidor de Cristo o galardão
será concedido segundo seus atos.
Enquanto os homens ainda
estão sobre a Terra, é que a obra do juízo investigativo se efetua nas cortes
celestes. A vida de todos os Seus professos seguidores é passada em revista
perante Deus; todos são examinados de conformidade com os relatórios nos livros
do Céu, e o destino de cada um é fixado para sempre de acordo com seus atos.
Pela veste nupcial da
parábola é representado o caráter puro e imaculado, que os verdadeiros
seguidores de Cristo possuirão. Foi dado à igreja "que se vestisse de
linho fino, puro e resplandecente" (Apocalipse 19:8), "sem mácula,
nem ruga, nem coisa semelhante". Apocalipse 5:27. O linho fino, diz a
Escritura, "é a justiça dos santos". Apocalipse 19:8. A justiça de
Cristo e Seu caráter imaculado, é, pela fé, comunicada a todos os que O aceitam
como Salvador pessoal.
A veste branca de
inocência foi usada por nossos primeiros pais, quando foram postos por Deus no
santo Éden. Viviam eles em perfeita conformidade com a vontade de Deus. Todas
as suas afeições eram devotadas ao Pai celeste. Luz bela e suave, a luz de
Deus, envolvia o santo par. Esse vestido de luz era um símbolo de suas vestes
espirituais de celeste inocência. Se permanecessem leais a Deus, continuaria
sempre a envolvê-los. Ao entrar o pecado, porém, cortaram sua ligação com Deus,
e desapareceu a luz que os aureolava. Nus e envergonhados, procuraram suprir os
vestidos celestiais, cosendo folhas de figueira para uma cobertura.
Isto fizeram os transgressores da lei de Deus desde o dia em que
Adão e Eva desobedeceram. Coseram folhas de figueira para cobrir a nudez
causada pela transgressão. Cobriram-se com vestidos de sua própria feitura; por
suas próprias obras procuraram encobrir os pecados e tornar-se aceitáveis a
Deus.
Isto jamais pode ser
feito, porém. O homem nada pode idear para suprir as perdidas vestes de
inocência. Nenhuma vestimenta de folhas de figueira, nenhum traje mundano, pode
ser usado por quem se assentar com Cristo e os anjos na ceia das bodas do
Cordeiro.
Somente as vestes que
Cristo proveu, podem habilitar-nos a aparecer na presença de Deus. Estas vestes
de Sua própria justiça, Cristo dará a todos os que se arrependerem e crerem.
"Aconselho-te", diz Ele, "que de Mim compres... vestes brancas,
para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez." Apocalipse
3:18.
Este vestido fiado nos
teares do Céu não tem um fio de origem humana. Em Sua humanidade, Cristo formou
caráter perfeito, e oferece-nos esse caráter. "Todas as nossas
justiças" são "como trapo da imundícia." Isa. 64:6. Tudo que
podemos fazer de nós mesmos está contaminado pelo pecado. Mas o Filho de Deus
"Se manifestou para tirar os nossos pecados; e nEle não há pecado". I
João 3:5. O pecado é definido como "o quebrantamento da lei". I João
3:4, Trad. Trinitariana. Mas Cristo foi obediente a todos os reclamos da lei.
De Si mesmo, disse: "Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a
Tua lei está dentro do Meu coração." Sal. 40:8. Quando esteve na Terra,
disse aos discípulos: "Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai."
João 15:10. Por Sua obediência perfeita tornou possível a todo homem obedecer
aos mandamentos de Deus. Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao
Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu
espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida.
Isto é o que significa estar trajado com as vestes de Sua justiça. Quando então
o Senhor nos contemplar, verá não o vestido de folhas de figueira, não a nudez
e deformidade do pecado, mas Suas próprias vestes de justiça que são a
obediência perfeita à lei de Jeová.
Os convidados às bodas foram inspecionados pelo rei. Só foram
aceitos os que obedeceram aos seus requisitos e usaram o vestido nupcial. Assim
ocorre com os convidados para a ceia do evangelho. Todos são examinados pelo
grande Rei, e só serão recebidos os que trajarem as vestes da justiça de
Cristo.
Justiça é fazer o bem, e
é pelos atos que todos serão julgados. Nosso caráter é revelado pelo que
fazemos. As obras mostram se a fé é genuína.
Não é bastante crermos que
Jesus não é um impostor, e a religião da Bíblia não é uma fábula
artificialmente composta. Podemos crer que o nome de Jesus é o único debaixo
dos Céus pelo qual devemos ser salvos, e contudo podemos não torná-Lo pela fé
nosso Salvador pessoal. Não é bastante crer na teoria da verdade. Não é
bastante fazer profissão de fé em Cristo, e ter nosso nome registrado no rol da
igreja. "Aquele que guarda os Seus mandamentos nEle está, eEle nele. E
nisto conhecemos que Ele está em nós: pelo Espírito que nos tem dado." I
João 3:24. "E nisto sabemos que O conhecemos: se guardarmos os Seus
mandamentos." I João 2:3. Esta é a evidência genuína da conversão.
Qualquer que seja nossa profissão, nada valerá se Cristo não for revelado em obras
de justiça.
A verdade deve estar plantada no coração. Deve dirigir o espírito
e regular as afeições. Todo o caráter deve ser estampado com a expressão
divina. Cada jota e cada til da Palavra de Deus deve ser introduzido na vida
diária.
Aquele que se torna
participante da natureza divina estará em harmonia com o grande padrão de
justiça de Deus, Sua santa lei. Esta é a norma pela qual Deus mede as ações do
homem. E esta será também a pedra de toque do caráter no juízo.
Muitos há que dizem que
na morte de Cristo a lei foi revogada, mas nisto contradizem as próprias
palavras de Cristo: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas.
... Até que o céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da
lei." Matheus 5:17 e 18. Foi para expiar a transgressão da lei pelo homem
que Cristo depôs Sua vida. Pudesse a lei ser mudada ou posta de lado, Cristo
não precisaria ter morrido. Por Sua vida na Terra, honrou a lei de Deus. Por
Sua morte, estabeleceu-a. Deu Sua vida como sacrifício, não para destruir a lei
de Deus, não para criar uma norma inferior, mas para que a justiça fosse
mantida, para que fosse vista a imutabilidade da lei e permanecesse para
sempre.
Satanás declarara que
era impossível ao homem obedecer aos mandamentos de Deus; e é verdade que por
nossa própria força não lhes podemos obedecer. Cristo, porém, veio na forma
humana, e por Sua perfeita obediência provou que a humanidade e a divindade
combinadas podem obedecer a todos os preceitos de Deus.
"Mas a todos
quantos O receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que
crêem no Seu nome." João 1:12. Este poder não está no instrumento humano.
É o poder de Deus. Quando uma alma recebe a Cristo, recebe também o poder de
viver a vida de Cristo.
Deus requer de Seus filhos perfeição. Sua lei é um transcrito de
Seu caráter, e é o padrão de todo caráter. Essa norma infinita é apresentada a
todos, para que não haja má compreensão no tocante à espécie de homens que Deus
quer ter ps receberem caráter semelhante ao de Cristo, obedecerão aos
mandamentos de Deus. Então o Senhor pode contá-los com toda a confiança entre
os que formarão a família do Céu. Trajados com as vestes gloriosas da justiça
de Cristo, participarão da ceia do Rei. Têm o direito de associar-se com a
multidão lavada no sangue.
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