As lágrimas que Cristo derramou no Monte das Oliveiras, ao
contemplar a cidade escolhida, não eram somente por Jerusalém. No destino de
Jerusalém, viu a destruição do mundo.
"Ah! Se tu conhecesses
também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está
encoberto aos teus olhos." Lucas 19:42.
"Neste teu dia." O
dia está-se aproximando do fim. O período de graça e privilégio está prestes a
findar. As nuvens da vingança estão-se acumulando. Os que rejeitaram a graça de
Deus estão quase sendo tragados pela ruína rápida e inevitável.
Contudo o mundo dorme. O povo
não conhece o tempo de sua visitação.
Nesta crise, onde se acha a
igreja? Satisfazem seus membros os reclamos de Deus? Estão cumprindo Sua
incumbência, e representam Seu caráter perante o mundo? Dirigem a atenção de
seus semelhantes para a última misericordiosa mensagem de advertência?
Os homens estão em perigo. Multidões perecem. Mas quão poucos dos
professos seguidores de Cristo sentem responsabilidade por essas pessoas! O
destino de um mundo pende na balança; mas isso mal comove mesmo aqueles que
dizem crer na verdade mais abarcante já dada aos mortais. Há uma carência
daquele amor que induziu Cristo a deixar Seu lar celeste e assumir a natureza
humana, para que a humanidade tocasse a humanidade, e a atraísse à divindade.
Há um estupor, uma paralisia sobre o povo de Deus, que o impede de compreender
o dever do momento.
Quando os israelitas entraram
em Canaã, não cumpriram o propósito de Deus, apossando-se de toda a Terra.
Depois de fazer conquista parcial, assentaram-se para comemorar o fruto das
vitórias. Na incredulidade e amor à comodidade congregaram-se na parte já
conquistada, em vez de avançar para ocupar novos territórios. Desse modo
começaram a alienar-se de Deus. Por haverem deixado de executar Seu propósito,
tornaram-Lhe impossível cumprir as promessas de bênção. Não está fazendo o
mesmo a igreja moderna? Com todo o mundo diante de si, cristãos professos,
necessitados do evangelho, congregam-se onde podem receber os privilégios do
mesmo. Não sentem a necessidade de ocupar novos territórios, levando a mensagem
da salvação às regiões longínquas. Recusam cumprir o mandado de Cristo:
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." Mar.
16:15. São menos culpados que a igreja judaica?
Os pretensos seguidores de
Cristo estão em prova diante de todo o universo celeste; mas a sua frieza de
zelo e falta de empenho no serviço de Deus, qualifica-os de infiéis. Se o que
fazem fosse o melhor que poderiam haver feito, sobre eles não pairaria
condenação. Mas se seu coração estivesse dedicado à obra, poderiam fazer muito
mais.
Sabem, e o mundo também, que em alto grau perderam o espírito de
abnegação e de carregar a cruz. Junto ao nome de muitos será escrito, nos
livros do Céu: Não produtores, porém consumidores. Por muitos que levam o nome
de Cristo, é obscurecida Sua glória, Sua beleza toldada, retida Sua honra.
Muitos há, cujos nomes estão
nos livros da igreja, mas não sob o governo de Cristo. Não Lhe ouvem as
instruções, nem fazem Sua obra. Por isto estão sob o domínio do inimigo. Não
fazem positivamente bem, por isto produzem dano incalculável. Por sua
influência não ser cheiro de vida para vida, é cheiro de morte para morte.
O Senhor diz: "Deixaria Eu
de castigar estas coisas?" Jeremias 5:9. Por não haverem cumprido o
propósito de Deus, os filhos de Israel foram abandonados e o convite divino foi
estendido a outros povos. Se estes também se provarem infiéis, não serão da
mesma maneira rejeitados?
Na parábola da vinha foram os
lavradores que Cristo declarou culpados. Foram eles que recusaram devolver a
seu Senhor o fruto da terra. Na nação judaica foram os sacerdotes e mestres
que, desviando o povo, roubaram a Deus do serviço que requeria. Foram eles que
afastaram de Cristo a nação.
A lei de Deus, não misturada
com tradições humanas, foi apresentada por Cristo como o grande padrão de
obediência. Isto provocou a inimizade dos rabinos. Tinham colocado ensinos
humanos acima da Palavra de Deus, e de Seus preceitos desviaram o povo. Não
quiseram ceder seus próprios mandamentos para obedecer às reivindicações da
Palavra de Deus. Ao amor da verdade não quiseram sacrificar o orgulho da razão
nem o louvor dos homens. Quando Cristo veio, apresentando à nação as reivindicações
de Deus, os sacerdotes e anciãos Lhe negaram o direito de Se interpor entre
eles e o povo. Não Lhe quiseram aceitar as reprovações e advertências, e
propuseram-se a contra Ele instigar o povo e conseguir Sua morte.
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