A doutrina da imortalidade natural preparou o
caminho para o moderno espiritismo. Se os mortos são admitidos à presença de
Deus e dos santos anjos, e se são favorecidos com conhecimentos que superam em
muito o que antes possuíam, por que não voltariam eles à Terra para iluminar e
instruir os vivos? Como podem os que crêem no estado consciente dos mortos,
rejeitar o que lhes vem como luz divina, transmitida por espíritos
glorificados? Eis aí um meio de comunicação considerado sagrado, e de que
Satanás se vale para realizar seus propósitos. Os anjos decaídos, que executam
suas ordens, aparecem como mensageiros do mundo dos espíritos. Ao mesmo tempo
em que professa trazer os vivos em comunicação com os mortos, Satanás exerce
sobre eles sua fascinante influência.
Ele tem poder até para
fazer surgir perante os homens a aparência de seus amigos falecidos. A
contrafação é perfeita; a expressão familiar, as palavras, o tom da voz, são
reproduzidos com maravilhosa exatidão. Muitos são consolados com a afirmativa
de que seus queridos estão desfrutando a ventura celestial; e, sem suspeita de
perigo, dão ouvidos a espíritos sedutores e doutrinas de demônios.
Induzindo-os a crer que
os mortos efetivamente voltam para comunicar-se com eles, Satanás faz com que
apareçam os que baixaram ao túmulo sem estar preparados.
Pretendem estar felizes no Céu, e mesmo ocupar
ali elevadas posições; e assim é largamente ensinado o erro de que nenhuma
diferença se faz entre justos e ímpios. Os pretensos visitantes do mundo dos
espíritos algumas vezes proferem avisos e advertências que se demonstram
corretos. Então, estando ganha a confiança, apresentam doutrinas que solapam
diretamente a fé nas Escrituras. Com a aparência de profundo interesse no
bem-estar de seus amigos na Terra, insinuam os mais perigosos erros. O fato de
declararem algumas verdades e poderem, por vezes, predizer acontecimentos
futuros, dá às suas declarações uma aparência de crédito; e seus falsos ensinos
são tão facilmente aceitos pelas multidões, e tão implicitamente cridos, como
se fossem as mais sagradas verdades da Bíblia. A lei de Deus é posta de parte,
desprezado o Espírito da graça, o sangue do concerto tido em conta de coisa
profana. Os espíritos negam a divindade de Cristo e colocam o próprio Criador
no mesmo nível em que estão. Assim, sob novo disfarce, o grande rebelde ainda
prossegue com sua luta contra Deus - luta iniciada no Céu, e durante quase seis
mil anos continuada na Terra.
Muitos se esforçam para
explicar as manifestações espíritas, atribuindo-as inteiramente a fraudes e
prestidigitação por parte do médium. Mas, conquanto seja verdade que os
resultados da trapaça tenham muitas vezes sido apresentados como manifestações
genuínas, tem havido também assinaladas manifestações de poder sobrenatural. As
pancadas misteriosas com que o espiritismo moderno se iniciou não foram
resultado de trapaça e artifício humano, mas obra direta dos anjos maus que,
assim, introduziam um engano dos mais eficazes para a destruição das almas.
Muitos serão enredados pela crença de que o espiritismo seja meramente
impostura humana; quando postos em face de manifestações que não podem senão
considerar como sobrenaturais, serão enganados e levados a aceitá-las como o
grande poder de Deus.
Essas pessoas não tomam em consideração o
testemunho das Escrituras relativo às maravilhas operadas por Satanás e seus
agentes. Foi por auxílio satânico que os magos de Faraó puderam contrafazer a
obra de Deus. O apóstolo João, descrevendo o milagroso poder operador que se
manifestará nos últimos dias, declara: "E faz grandes sinais, de maneira
que até fogo faz descer do céu à Terra, à vista dos homens. E engana os que
habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da
besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que
recebera a ferida da espada e vivia." Apocalipse 13:13 e 14. Não se acham
aqui preditas meras imposturas. Os homens são enganados pelos milagres que os
agentes de Satanás têm poder para fazer, e não pelo que pretendam realizar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário