Oposição
A proclamação
de um tempo definido para a vinda de Cristo despertou grande oposição de
muitos, dentre todas as classes, desde o pastor, no púlpito, até ao mais ousado
pecador. "Daquele dia e hora ninguém sabe!" era ouvido tanto de
pastores hipócritas como de ousados zombadores. Fechavam os ouvidos à clara e
harmoniosa explanação do texto, por aqueles que chamavam a atenção para o fim
dos períodos proféticos e para os sinais que o próprio Cristo predisse como
evidências de Seu advento.
Muitos que
professavam amar o Salvador, declaravam que não se opunham à doutrina do
segundo advento; faziam objeções unicamente, ao tempo definido. Mas os olhos de
Deus, que tudo vêem, leram o seu coração. Não desejavam ouvir acerca da vinda
de Cristo para julgar o mundo com justiça. Haviam sido servos infiéis; suas
obras não resistiriam à inspeção do Deus que sonda os corações, e receavam
encontrar-se com o Senhor. Tais como os judeus, ao tempo do primeiro advento de
Cristo, não estavam preparados para recebê-Lo. Satanás e seus anjos exultavam e
lançavam a afronta ao rosto de Cristo e dos santos anjos, por ter Seu povo
professo tão pouco amor por Ele que não desejavam o Seu aparecimento.
Vigias infiéis embaraçavam o progresso da obra de
Deus. À medida em que o povo se levantava e começava a indagar sobre o caminho
da salvação, estes líderes se interpunham entre eles e a verdade, procurando
acalmar seus temores, por falsas interpretações da Palavra de Deus. Estavam
unidos nesse trabalho, Satanás e pastores não consagrados, clamando paz, paz,
quando Deus não havia falado de paz. Tais quais os fariseus no tempo de Cristo,
muitos se recusavam a entrar no reino de Deus e impediam os que estavam
entrando. O sangue dessas almas ser-lhes-á requerido.
Por onde quer
que a mensagem da verdade fosse proclamada, os mais humildes e devotos nas
igrejas eram os primeiros a recebê-la. Os que estudavam por si mesmos a Bíblia,
podiam ver o caráter não escriturístico das opiniões populares com respeito às
profecias. E onde quer que o povo não fosse enganado pelos esforços do clero em
confundir e perverter a fé, onde quer que por si mesmos pesquisassem a Palavra
de Deus, a doutrina do advento precisava apenas ser comparada com as Escrituras
para estabelecer-lhe a autoridade divina.
Muitos eram
perseguidos por seus irmãos descrentes. Alguns, a fim de conservar sua posição
na igreja, concordaram em silenciar a respeito de sua esperança; outros, porém,
sentiam que a lealdade para com Deus não lhes permitia ocultar desta maneira as
verdades que Ele lhes confiara. Não poucos foram separados da comunhão da
igreja, unicamente pelo motivo de exprimirem sua crença na vinda de Cristo. Aos
que suportavam essa prova de fé, as palavras da profecia se tornavam mui
preciosas: "Vossos irmãos que vos aborrecem e que para longe vos lançam
por amor do Meu nome, dizem: O Senhor
seja glorificado, para que vejamos a vossa
alegria; mas eles serão confundidos." Isaias 66:5.
Anjos de Deus observavam, com o mais profundo
interesse, o resultado da advertência. Quando as igrejas como um corpo
rejeitaram a mensagem, anjos se afastaram delas com tristeza. Nas igrejas havia
muitos, porém, que não tinham ainda sido provados quanto à verdade do advento.
Muitas pessoas eram enganadas por marido, esposa, pais ou filhos, e eram
levadas a crer que era pecado até mesmo ouvir as heresias pregadas pelos
adventistas. Os anjos receberam ordem de proteger fielmente aquelas almas, pois
outra luz, procedente do trono de Deus, deveria ainda resplandecer sobre elas.
Preparo Para Encontrar o Senhor
Com
inexprimível desejo, os que haviam recebido a mensagem aguardavam a vinda do
Salvador. O tempo em que esperavam encontrar-se com Ele estava às portas. Com
calma e solenidade viam aproximar-se a hora. Permaneciam em doce comunhão com
Deus, como que antegozando a paz que desfrutariam no glorioso porvir. Pessoa
alguma que haja experimentado esta confiante esperança, poderá esquecer-se
daquelas preciosas horas de expectativa. As ocupações seculares foram em sua
maior parte postas de lado por algumas semanas. Como se estivessem no leito de
morte, e devessem dentro de poucas horas cerrar os olhos às cenas terrestres,
os crentes sinceros examinavam cuidadosamente todos os pensamentos e emoções de
seu coração. Não houve confecção de "vestes para a ascensão", todos
sentiam, porém, a necessidade de evidência íntima de que estavam preparados para
encontrar-se com o Salvador; suas vestes brancas eram a pureza da alma, o
caráter purificado do pecado pelo sangue expiatório de Cristo.
Deus intentara
provar o Seu povo. Sua mão ocultou um erro no cômputo dos períodos proféticos.
Os adventistas não descobriram esse erro, tampouco foi descoberto pelos mais
instruídos de seus oponentes. Estes últimos diziam: "Vossa contagem dos
períodos proféticos é correta. Qualquer grande acontecimento está prestes a
ocorrer; mas não é o que o Sr. Miller prediz: é a conversão do mundo, e não o
segundo advento de Cristo."
Passou-se o tempo de expectação e Cristo não
apareceu para a libertação de Seu povo. Os que com fé e amor sinceros haviam
esperado o Salvador, experimentaram amargo desapontamento. Todavia, os
propósitos de Deus se cumpriam: provara Ele o coração dos que professavam estar
à espera de Seu aparecimento. Muitos havia, entre eles, que não tinham sido
constrangidos por motivos mais elevados do que o medo. A profissão de fé não
lhes transformara o coração, nem a vida. Não se realizando o acontecimento
esperado, declararam essas pessoas que não se achavam decepcionadas; nunca
tinham crido que Cristo viria. Contavam-se entre os primeiros a ridicularizar a
tristeza dos verdadeiros crentes.
Mas Jesus e
toda a multidão celestial olhavam com amor e simpatia para os provados e fiéis,
embora decepcionados. Pudesse descerrar-se o véu que separava o mundo visível
do invisível, e ter-se-iam visto anjos aproximando-se daquelas almas
constantes, protegendo-as dos dardos de Satanás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário